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ARMANDO AVENA: BAHIA 2020: O VAREJO PRECISA IR À LUTA

Redação - 09/01/2020 07:30 - Atualizado 17/02/2020

O ano de 2020 começa sob o signo do crescimento econômico, mas, diferente de outros ciclos, nos quais o incentivo governamental era quem estimulava a retomada do crescimento, agora essa função está com o setor privado. O varejo, por exemplo, um dos principais segmentos da economia baiana, deve retomar os negócios em 2020 e são boas às expectativas de crescimento, já que, à medida que os setores como a construção civil, o turismo e o agronegócio estão investindo e ampliando os negócios, o desemprego deve cair e as vendas tendem a aumentar.

E, no entanto, o varejo começou o ano sob o signo da polêmica. Assim, enquanto a Associação de Lojistas de Shoppings veio a público dizer que as vendas no Natal cresceram 7,5%, a Associação Brasileira de Lojistas Satélites, que representam as lojas menores de 180 m² nos shoppings, afirmam que o crescimento nas vendas foi zero ou até menor do que no Natal de 2019.

IBGE

Ora, nem tanto ao céu, nem tanto a terra! Provavelmente as vendas no Natal não cresceram tanto, mas tampouco ficaram estagnadas e é a pesquisa mensal do IBGE que vai informar o número correto, mas a estimativa indica um crescimento de 4%, pouco mais ou menos. Na verdade, o que ocorre é que os administradores de shoppings centers, que controlam muitas associações, puxam o desempenho das vendas para cima, de modo a justificar a imposição de custos cada vez mais altos para os lojistas, e estes, principalmente os de pequeno porte, que sofrem há três anos com uma brutal recessão, afirmam o contrário na vã esperança não ter esses custos ampliados.

É um jogo de perde/perde, onde o maior perdedor é o próprio comércio físico que a cada dia cede mais espaço ao comércio virtual. Na verdade, as administradoras de shoppings deveriam trabalhar em conjunto com os lojistas, para ganhar com o aumento nas vendas e não com o reajuste absurdo de aluguéis e taxas. Aliás, isso já é feito em alguns shoppings da Bahia, especialmente no Shopping Barra, onde a administração e os lojistas se unem, discutindo posições, realizando eventos e promoções, num típico jogo de ganha/ ganha.

Feriados

O mesmo pode-se se dizer da luta inglória do varejo contra o excesso de feriados. O setor tem razão ao dizer que o excesso de feriados e os “enforcamentos” de dias úteis causam prejuízo ao varejo e já sabemos que as vendas serão reduzidas em milhões e milhões. Mas essa ladainha é inútil e não tem futuro já que os feriados beneficiam sobremaneira outros setores, como o turismo e os serviços, gerando igualmente emprego e renda.

Assim, ao invés de pedir providencias inexequíveis ao poder público como, por exemplo, eliminar feriados ou fazer que todos caiam na segunda-feira, o que o varejo precisa é ir à luta e ser criativo, realizando promoções, eventos e liquidações nesses período. Assim como um shopping em Salvador fez seu próprio réveillon, puxando a festa para dentro de suas instalações, um supermercado pode reduzir preços no feriado e um shopping center promover o show de um cantor famoso. No novo ciclo econômico que se desenha para o Brasil, não se pode contar com o poder público para enfrentar a competição, o caminho é ser capitalista e criativo e, quando necessário, fazer do limão uma limonada.

Publicado originalmente no jornal A Tarde

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