Qassem Soleimani, general morto em um ataque aéreo americano em Bagdá nesta quinta-feira (2), era um dos homens mais poderosos do Irã. Ele era major-general da Força Al Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária, e apontado como o cérebro por trás da estratégia militar e geopolítica do país. Soleimani era muito próximo do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, e sobreviveu a diversas tentativas de assassinato nas últimas décadas.
Sua morte tem um grande impacto em um momento de escalada de tensão entre os EUA e o Irã, que se reflete especialmente no Iraque. Desde o fim de outubro, militares e diplomatas americanos foram alvo de ataques, e na semana passada um funcionário dos EUA morreu em um bombardeio com foguetes. A crise subiu de patamar na terça (31), quando milicianos iraquianos invadiram a embaixada americana em Bagdá. Trump acusou o Irã de estar por trás da ação e prometeu retaliação.
A invasão da embaixada foi uma resposta a um ataque americano na fronteira com a Síria que matou 25 combatentes das Forças de Mobilização Popular do Iraque no domingo (29). O comentarista Guga Chacra, da GloboNews, diz que as consequências serão gravíssimas no Oriente Médio. O professor de Relações Internacionais Tanguy Baghdadi, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que o ataque é “catastrófico” e prevê uma forte reação do Irã.
“Para a estabilidade regional a gente não poderia imaginar um cenário mais tenso. O Iraque é um país muito fundamental. Não é por acaso que a gente teve guerra na década de 90. Sempre foi um espaço de disputa entre o Irã e, nas últimas décadas, os EUA”, diz o especialista.
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