Felipe Silva, de 26 anos, e Ruan Messias, de 21, não se conhecem, mas têm muita coisa em comum, além da pouca idade e da dedicação para encontrar um apartamento que possam chamar de seu. Não só eles, na verdade. De acordo com corretores de imóveis, os jovens que estão indo morar sozinhos têm exigências muito semelhantes na hora de escolher o próprio canto. Eles buscam por um determinado perfil de imóvel. Valor razoável, metragem reduzida, localização próxima ao trabalho ou aos locais de diversão, condomínio com infraestrutura e necessidade de poucos retoques ou manutenção. Esses são, segundo corretores, quase que itens obrigatórios nas listas de requisitos para a escolha do primeiro apartamento dos jovens baianos.
Segundo o corretor de imóveis Sérgio Sampaio, cada vez mais aumenta o número de jovens que buscam pelo próprio apartamento. “Entre os 25 e 35 anos, eles já começam a morar sozinhos e, na hora da escolha, já sabem exatamente o que querem”, conta. Embora os requisitos para a escolha do imóvel sejam muito semelhantes, os motivos para a empreitada de sair das asas da família são vários. Felipe, por exemplo, já morou sozinho em São Paulo, quando foi a trabalho, e agora não se enxerga mais sem o próprio canto. Dividindo o apartamento com um primo, ele já se prepara para dar a entrada no seu próprio. Já Ruan mora com a mãe em Candeias, região metropolitana de Salvador, e trabalha na capital. O motivo para a sua busca é muito mais pelo conforto de morar perto de onde trabalha, consome e se diverte, “onde minha vida acontece”.
Mas ambos não negam que o desejo também é ter um lugar com que se identifiquem, que tenha “a cara” deles. Isso, segundo a corretora Iolanda Mattos, é o que busca todo jovem. “Quando ele decide morar sozinho, busca algo que o represente. Mesmo que já tenha um lugar do seu jeitinho na casa dos pais e esteja aqui, por exemplo, só para estudar, ele quer um imóvel com que se identifique, que tenha um pouco dele em cada canto”, conta. Mas Iolanda explica que, mesmo tendo gostos específicos e refinados, os jovens querem praticidade e comodidade. Por isso, um condomínio com infraestrutura e um apartamento já mobiliado e que não exija obras de manutenção ou reforma entra para a lista dos favoritos dos jovens.
Na lista de requisitos para o novo apartamento, valor e localização são os fatores que mais pesam para Ruan e Felipe. E, de acordo com Iolanda, para a grande maioria dos jovens baianos. “Geralmente ainda estão na faculdade, não têm uma independência financeira ou ainda estão começando a carreira. Então não querem ou não podem se comprometer com um valor muito alto”, explica a corretora. Felipe busca um apartamento entre R$ 200 mil e R$ 300 mil. Já foi ao banco, fez simulações e agora se prepara para até o final de 2020 já estar de casa nova. Todo mês ele consegue guardar 30% do salário e destinar o que ganhou em trabalhos por conta própria para a poupança do apartamento. “Enxergo também como um investimento, prefiro abrir mão de muita coisa agora, para lá na frente estar mais tranquilo”, revela.
Ruan também revela que tem um orçamento apertado. E é justamente por essa limitação que tem preferência por imóveis de metragem reduzida, como apartamentos na modelagem estúdio ou quitinete. Com relação à localização, os jovens também são taxativos: querem bairros próximos ao trabalho e aos locais onde se divertem. Para Sérgio, o Rio Vermelho é um dos que mais crescem no gosto dessa geração. E o motivo é porque ele consegue unir a boemia de um bairro repleto de atrações noturnas à proximidade a universidades e ao centro comercial – onde muitos trabalham. O que também faz parte do perfil dos jovens que querem comprar um apartamento é a forma de procurar. Segundo Sérgio, essa faixa etária só busca imóveis através de plataformas digitais. “Eles não abrem o jornal para encontrar um apartamento”. Felipe, por exemplo, conta que já chegou a baixar quatro aplicativos de busca por imóveis.
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