O Ministério Público do Rio de Janeiro pretende encontrar em mensagens e registros telefônicos provas de que o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) empregou funcionários fantasmas em seu antigo gabinete na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). A pedido dos promotores do Gaecc (Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção), o juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal, autorizou a quebra de sigilo telefônico de 29 pessoas. Sobre a maior parte delas recai a suspeita de terem recebido sem trabalhar na Assembleia.
Os telefones do filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro não foram alvos da determinação judicial. A medida faz parte da investigação que apura a prática da “rachadinha” no antigo gabinete de Flávio na Alerj entre 2007 e 2018, período em que Fabrício Queiroz esteve lotado como assessor parlamentar. Nesse tipo de esquema, os funcionários são coagidos a devolver parte do salário que recebem.
A Promotoria também solicitou acesso aos metadados dos terminais usados. Isso inclui tanto a localização, por GPS, dos terminais usados pelas linhas telefônicas, como as antenas ERBs utilizadas pelo aparelho. Itabaiana também autorizou, a pedido do MP-RJ, que os agentes extraíssem trocas de mensagem SMS, WhatsApp e outros aplicativos do tipo dos celulares apreendidos durante as buscas no dia da operação.
O objetivo, segundo os investigadores, é comprovar que os investigados não compareciam ao trabalho na Alerj. Foram alvo da quebra de sigilo telefônico Queiroz, os ex-assessores que fizeram depósitos a ele, parentes de Ana Cristina Valle (ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro), e o ex-capitão Adriano da Nóbrega, foragido acusado de integrar uma milícia, casado com uma ex-assessora de Flávio.
Também foram alvos da quebra de sigilo telefônico o policial militar Diego Ambrósio, o sócio do senador numa loja de chocolates, Alexandre Santini, e o norte-americano Glenn Dillard, que vendeu dois imóveis para Flávio em Copacabana. Os três são suspeitos de auxiliar o filho do presidente na lavagem de dinheiro da suposta “rachadinha”.
FOTO: MATEUS BONOMI / AGIF