O sargento da Polícia Militar Diego Ambrósio, que pagou um boleto de R$ 16,5 mil do apartamento de Flávio Bolsonaro, e foi um dos alvos da busca e apreensão de ontem feita pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, passou a quinta-feira em contato com o Bradesco, pedindo ao banco extratos que o permitam provar que ele não faz parte do esquema de desvio de dinheiro público de que Flávio é suspeito. Em entrevista exclusiva à coluna, enquanto mexia em 160 folhas de extratos fornecidas pelo banco, Ambrósio deu sua versão sobre o pagamento e sobre os repasses feitos por ele ao então deputado estadual e a dois ex-funcionários do gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa.
Os dois se conheceram na campanha de 2010, apresentados por amigos em comum, para que ele reunisse policiais da Baixada Fluminense num encontro com Flávio e Jair Bolsonaro, que tentavam a reeleição para deputado estadual e federal, respectivamente. Desde então, teriam passado a ser amigos, e Ambrósio sempre fez campanha para ele, sem nunca ter tido um vínculo empregatício. Segundo ele, o pagamento do boleto foi um favor a Flávio, feito durante o churrasco de comemoração que eles faziam pelo resultado inesperado que o amigo tivera na eleição municipal de 2016 — em sua primeira tentativa num cargo majoritário, o hoje senador terminou em quarto lugar.
Durante a entrevista, Ambrósio disse não se lembrar exatamente como foi reembolsado por Flávio, mas depois entrou em contato para informar ter lembrado que Flávio o pagou os R$ 16 mil em espécie, e ele usou o dinheiro para pagar contas de sua empresa de serviços de segurança, a Santa Clara. O outro repasse, cujo valor ele não identificou, diretamente na conta da loja Kopenhagen de Flávio, teria sido referente à compra de panetones para Ambrósio presentear seus clientes. Ele tem a empresa desde 2014, trabalho que ele acumula com o emprego na PM. Atualmente, ele está lotado na Delegacia de Gestão de Pessoal (DGP), a geladeira da corporação, onde muitos dos policiais que têm outras rendas costumam pedir lotação.
Os outros dois pagamentos, para Fernando Nascimento Pessoa (que ele estima ser R$ 800) e Marcos de Freitas Domingos (entre R$ 500 e R$ 600, também em valor estimado), teriam sido, respectivamente, a remuneração por serviços de design gráfico prestados e o reembolso por uma quantia emprestada para a compra em espécie de uma caixa de som no Centro do Rio. Leia a entrevista completa, em que Ambrósio fala também de Fabrício Queiroz e da acusação de que ele intimidou moradores de Copacabana para contratar sua empresa de segurança.(Época)
Foto: Agência O Globo