A queda na taxa Selic, que passou a registrar novo piso histórico de 4,5%, amplia a penúria das aplicações de renda fixa – opção predileta do investidor brasileiro – e, segundo especialistas, deve estimular o investidor a buscar novas opções de aplicação. Com a nova revisão por parte do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que reduziu os juros básicos da economia para 4,5% ao ano, pelo menos 32% do total das aplicações brasileiras deverão, de agora em diante, perder para a inflação projetada para os próximos 12 meses.
Na prática, isso significa que aplicações tradicionais como a caderneta de poupança, os fundos de renda fixa atrelados à taxa DI, que acompanha de perto a taxa Selic (Fundos DI), e os títulos de Tesouro Direto indexados pela Selic (Tesouro Selic) não serão capazes de proteger o investimento do brasileiro da perdas inflacionárias projetadas para o IPCA – a inflação oficial, estimada em 3,60% de hoje até meados de dezembro do ano que vem, segundo o relatório Focus, do Banco Central.
No caso da poupança, quem depositar R$ 1 mil a partir de hoje, vai sacar daqui a um ano R$ 1.031,50. Corrigido pela inflação, esse montante passa a ser de R$ 994,37, o que tecnicamente é conhecido como retorno real negativo. Esses R$ 5,63 que ficaram pelo caminho foram, na realidade, corroídos pela inflação. O mesmo deverá acontecer com os fundos DI, mesmo para os fundos isentos de taxa de administração (há de três a quatro opções do tipo no mercado). Nesse caso, a perda é de R$ 1,99. Mas como boa parte desses fundos ainda cobra taxas consideradas salgadas até pelos próprios gestores de investimento, a perda nominal dessas aplicações pode chegar a R$ 18,09 em um ano, para os fundos com taxas de custódia de 2%.
Já no Tesouro Selic, que hoje concentra 33,8% dos saldo total dos recurso alocados no Tesouro Direto (R$ 59,2 bilhões), a perda acumulada do investimento com inflação após a nova alteração da Selic é de R$ R$ 3,32, sempre considerando como prazo de aplicação 12 meses. Os cálculos são do professor de economia da FGV e colunista do Estado Fábio Gallo.
O Brasil tem hoje cerca de R$ 6 trilhões em aplicações no mercado financeiro (R$ 5,9 trilhões, para ser exato). Estimativas do mercado, chanceladas pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), apontam que cerca de R$ 1 trilhão está alocado em fundos DI. A caderneta de poupança, segundo o Banco Central, tinha até ontem um saldo total de R$ 836 bilhões e os títulos de Tesouro atrelados a Selic, segundo o Tesouro Nacional, mantinham R$ 19,98 bilhões. (ESP)
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