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‘MAIOR DESMATADOR DO BRASIL’ TEM 120 MADEIREIRAS NA REGIÃO NORTE

Redação - 25/11/2019 16:16

O empresário Chaules Volban Pozzebon, preso preventivamente no mês anterior pela Operação Deforest, da Polícia Federal (PF), é acusado de liderar uma organização criminosa na região de Cujubim, em Rondônia. Conforme aponta a investigação, ele é proprietário de 120 madeireiras espalhadas pela região Norte — que estão em seu nome ou de laranjas — e, por isso, tem sido chamado por seus denunciantes de “o maior desmatador do Brasil”. Elizeu Berçacola Alves, ex-chefe da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam) no município de Machadinho d’Oeste (RO), relatou ao site UOL, o que sabe sobre a “organização criminosa de Chaules”.

Elizeu deixou Rondônia em 2016, após múltiplas tentativas de emboscadas e um atentado que por pouco não tirou sua vida. As ameaças vividas por ele reúnem um ponto em comum: o trabalho realizado para combater o desmatamento, o comércio ilegal de madeira e a grilagem em unidades de conservação, encabeçados em sua maioria, segundo o ambientalista, pela organização criminosa de Chaules. O ex-funcionário público, que também foi agente da Comissão Pastoral da Terra, está há dez anos no Programa Federal de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. Embora a Operação Deforest tenha detido Chaules e mais 15 membros da organização criminosa, Elizeu ainda teme pela sua segurança — sua passagem por Rondônia e a conversa com a reportagem foram cercadas de cautela.

“O crime tem a mesma dinâmica do câncer. Ele trabalha com formação de células defeituosas na sociedade, de forma que o Chaules é só uma peça do conjunto. Não é só ele o responsável por toda a ação criminosa na Amazônia. Ele é uma peça-chave naquela região, mas muito além de Chaules está toda uma economia que se estabeleceu nas autarquias do Estado brasileiro”, afirma. Elizeu contabiliza não oficialmente ao menos 16 assassinatos de lideranças ambientais em uma década — entre 2005 e 2015 —, enumerados em documentos distribuídos para autoridades públicas e órgãos governamentais. Segundo o ambientalista, os assassinatos, cometidos com “requintes de crueldade”, foram praticados por jagunços que participavam do amplo esquema econômico das madeireiras da região, o que inclui, ele diz, a organização de Chaules.

O madeireiro foi formalmente denunciado pelo Ministério Público de Rondônia (MP-RO) por crimes contra a vida, como ameaças de morte contra pequenos agricultores, realizadas por policiais militares contratados por ele. Segundo testemunhas ouvidas pelo MP-RO, policiais apontavam armas dizendo que, se não saíssem de lá andando, sairiam “carregados”. Elizeu duvida que a prisão de Chaules dure muito tempo. O ambientalista relembra a impunidade do crime organizado das madeireiras de Rondônia após as operações Caiporas e Arco de Fogo, desencadeadas em 2009 pelo Ibama e pela PF. As operações buscavam fazer a desintrusão de madeireiros invasores nas regiões do rio Machado e da Reserva Extrativista Rio Preto-Jacundá. “Naquele período, as instituições já tinham elementos suficientes para dar uma pisada no freio naquela organização criminosa. Mas Chaules se protegeu, e outros empresários e políticos também. E todos eles estão ligados. O poder econômico cria elementos para que se condene somente terceiros”, opina.

Foto: PAULO WHITAKER / Agência O Globo

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