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‘MEU PAI ERA COMO UMA BORBOLETA, NÃO MEXIA COM NINGUÉM’, DIZ FILHA DE MESTRE MOA EM JÚRI

Redação - 21/11/2019 14:53

“Um homem digno de verdade, bastante conciliador, não mexia com ninguém. Meu pai era tudo pra mim. Ele era muito educado, um homem de poucas palavras. Nossa família ficou dilacerada, nos faltou chão”. Foi no Tribunal do Júri, no Fórum Ruy Barbosa, em Salvador, que Somonai dos Santos, filha do mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa, mestre Moa do Katendê, descreveu o pai.
Ele foi morto com mais de 10 facadas durante uma briga política em outubro de 2018 pelo barbeiro Paulo Sérgio Ferreira de Santana, que está sendo julgado nesta quinta-feira (21). A sessão começou 8h e a estimativa é que dure até as 22h de hoje.
Somonai foi a quarta pessoa ouvida durante no julgamento. Antes dela, falou o primo de Moa, Germínio do Amor Divino Pereira, ferido ao tentar evitar o assassinato, e o dono do bar onde ocorreu o crime, João Carlos Costa. Um amigo de Moa também esteve entre as testemunhas.
“É uma dor enorme no coração. É difícil aceitar o acontecimento desse fato até hoje. É uma ferida que jamais vai cicatrizar. Ele não tinha maldade com ninguém, era como uma borboleta, ele estava de costas e foi pego covardemente. Meu pai nunca havia se envolvido em confusão alguma e até hoje nós nos perguntamos como isso aconteceu”, afirmou Somonai.

A denúncia do MP foi oferecida em 18 de outubro de 2018 – 10 dias após o crime, e é sustentada pelos promotores de Justiça David Gallo e Cássio Marcelo de Melo Santos.
Durante a sessão, o acesso ao salão do júri é permitido ao público em geral. No entanto, por determinação da juíza Gelzi Maria Almeida Souza, que preside o júri, não podem filmagens e nem gravações no interior do salão do júri. Jornalistas foram orientados a apenas filmar e fotografar a área externa do salão.

Antes do início da sessão, o promotor David Gallo conversou com o CORREIO e disse esperar condenação do réu a pelo menos 20 anos de prisão – em razão das circunstâncias do assassinato.

“O réu foi frio e cruel, de uma perversidade incrível, ele foi covarde. Ele teve uma outra discussão banal, sobre futebol no mesmo dia e saiu do local, teve tempo de premeditar o crime, foi em casa e pegou uma faca. Ele observou o melhor momento que poderia surpreender a vítima e a atacou pelas costas. Podemos caracterizar como um crime covarde, pois ele agiu covardemente”, disse Gallo.

“Ele agiu premeditadamente, foi frio e fútil, sem ar nenhuma chance de defesa à vitima. Nós esperamos a condenação e que a sociedade reconheça, pois nós vamos mostrar as provas nos autos. Vamos reproduzir todas as provas em plenária e vamos mostrar à sociedade a frieza desse crime. Esperamos uma condenação superior a 20 anos”, afirmou o promotor.

*Foto: Reprodução- divulgação

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