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CASA DE ÒGÚN SERÁ TOMBADA

Redação - 20/11/2019 09:16 - Atualizado 20/11/2019

A Casa de Ògún, único terreiro no Brasil que faz culto exclusivamente ao orixá Ogum, será tombado pelo patrimônio histórico do Município. A Ialorixá Dona Didi, Mãe de Santo do terreiro, localizado na Praça Alcebíades Damasceno, no Candeal Pequeno, recebeu, nesta terça-feira, 19, das mãos de Fernando Guerreiro, presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), a notificação oficial de abertura do processo de tombamento, que deve levar cerca de 8 meses para ser finalizado.

O documento entregue à Dona Didi – que completou 100 anos – é considerado elemento certificador da continuidade do processo para o tombamento. O terreiro Casa de Ògún já soma dois séculos de existência. “Para mim é uma garantia eterna, é uma coisa que está firmada, plantada. É como a semente que a pessoa planta, e a árvore cresce frondosa, dá flores e frutos”, disse, emocionada, a Yalorixá sobre o reconhecimento ao terreiro dedicado à Ogum.

O presidente da FGM, ressaltou que o tombamento é uma forma de se preservar a cultura e identidade, o que ele chamou de “verdadeira face da cidade de Salvador”. “Este é o único terreiro que cultua um único orixá, que é Ogum, na Bahia. Temos que comemorar cada vez mais. E que venham outros. Além disso, disse que a população de modo geral deve entender , que neste momento tão delicado pelo qual passa a sociedade brasileira, temos que respeitar a religião e a fé de cada um, isso é muito importante para que se respeitem a nossa fé também”.

Participaram do evento representantes de outras casas como Pai Ribamar do Ilê Axé Opô Afonjá, O Doté Amilton Costa, do terreiro Hunkpame Savalu Vodun Zo Kwe e a Yalórixá Márcia,do terreiro Ilê Axé Kalè Bokùn. Filho da casa, o músico Carlinhos Brown esteve presente e exaltou a importância do tombamento não só para o povo de santo mas para toda Salvador.

“Estamos tratando de ancestralidade, todo mundo pensa que só quem tem ancestralidade é a cultura negra. Basta estar vivo, ter avó, ter avô, ter história, nós preservamos com muito afinco e respeito essa cultura. Durante muito tempo foi necessário a gente trazer os nossos fundamentos para o fundo do quintal. Isso aqui é uma catedral. Uma catedral de Ogum, isso é gigante!”.

Único no Brasil

O Presidente da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia (AFA), e responsável pelo pedido de abertura do processo de tombamento da casa, Leonel Monteiro, explicou a importância do tombamento “No Brasil o culto se aglutinou no que nós chamamos de terreiro, então, coletivamente [as entidades] são cultuadas nestes espaços. Este é um espaço singular pois, além de ser a céu aberto tal como na África, aqui é cultuada apenas uma divindade que é Ogum.

*Foto: reprodução- Jefferson Peixoto- Secom- Pms

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