terça, 14 de maio de 2024
Euro 5.5519 Dólar 5.1304

ALMOÇO PARA MORADORES DE RUA MARCA DIA MUNDIAL DOS POBRES

Redação - 18/11/2019 11:34

Feijão, arroz, frango com cenoura, farofa e salada: 650 quentinhas servidas em almoço comunitário para pessoas em situação de pobreza, a maioria deles moradores de rua, marcou o Dia Mundial dos Pobres, ontem, em Salvador, durante evento promovido pelas Obras Sociais Irmã Dulce (OSID). Não só o almoço, servido ao meio-dia, quem participou do evento na Praça Irmã Dulce e no Santuário Santa Dulce dos Pobres (Cidade Baixa), também pôde desfrutar de um café da manhã – café, leite e pão com manteiga -, serviços de saúde e estética, oficinas, missas e apresentações culturais.

O evento reuniu centenas de pessoas e também marcou o encerramento da III Jornada Mundial dos Pobres, iniciada no último dia 10 com o intuito de chamar a sociedade à reflexão sobre a questão da pobreza no mundo. Um prato de comida no almoço não é realidade para aproximadamente 17 mil moradores de rua em Salvador – número divulgado pelo Projeto Axé, em abril deste ano.

Morador de rua há cerca de 27 anos, Geraldo das Neves, 34 anos, é uma dessas pessoas que se sentem invisíveis. Ele relata que depois de sair de casa, viveu desde a infância pela Cidade Baixa engraxando sapatos e dormindo entre o Largo dos Mares e a Ribeira. Sem conseguir emprego, Geraldo diz que seu maior sonho é poder dormir em uma casa. “Às vezes você passa pelos lugares e quando as pessoas te olham é de cara feia pensando que você é ladrão, ‘sacizeiro’ [termo popular para referir-se a usuários de crack], quando, na verdade, não é nada disso. Hoje eu já tomei café e vou almoçar. O meu sonho é poder fazer isso em minha própria casa”, revela.

Para o Arcebispo Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, a ideia da jornada é lembrar às pessoas que os pobres existem, precisam ser vistos e necessitam de ajuda para sair da situação de vulnerabilidade em que muitos se encontram. Segundo Dom Murilo, é preciso não esquecer que “há milhares de pessoas necessitando de uma mão estendida” por não terem o básico para sobreviver.

“Nós sabemos que não é por um dia de ação que iremos resolver o problema da pobreza, mas o nosso intuito é fazer com que percebamos em nosso meio a presença de tantos necessitados, e que possamos pedir ao Senhor que toque os corações daqueles que podem mudar essa situação de tantas graves necessidades. Se nós soubermos repartir os bens, não haverá pobreza, nem fome, nem falta de lar”, afirmou Dom Murilo Krieger.

O religioso ainda disse que a sociedade não deve esperar que apenas os muito ricos façam alguma coisa em prol das comunidades carentes, mas que cada um deve fazer o que estiver ao seu alcance para transformar as realidades de quem precisa. “Se eu me deixar tocar pelo amor de Deus, vou olhar minhas mãos e vou poder fazer pouca coisa, mas o pouco que eu fizer já será uma grande ajuda”, concluiu o arcebispo.

Já a superintendente das Obras Assistenciais Irmã Dulce (Osid), Maria Rita Lopes, visivelmente emocionada, disse que, embora ações assistenciais sejam parte indissociável do trabalho da Osid, a manhã de ontem foi especial por mobilizar voluntários de várias áreas a continuar o trabalho de amor de Santa Dulce em favor dos que mais precisam.

Segundo Maria Rita, “o dia de amar e servir as pessoas mais necessitadas é todo dia. Mas hoje, esse encontro que termina com um grande almoço, é um dia especial. Um banquete onde todos comem juntos e bebem juntos, participando de um momento de socialização. Além disso, todas as vezes que fazemos esse tipo de evento, podemos aprender com as pessoas que participam dele e crescer com elas”.

*Foto: Reprodução – Felipe Iruatã- Ag. A Tarde

Copyright © 2023 Bahia Economica - Todos os direitos reservados.