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ÓLEO: UFBA QUESTIONA LIBERAÇÃO DE CONSUMO DE PESCADO FEITA PELO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA

Redação - 12/11/2019 09:34

O Ministério da Agricultura divulgou nesta segunda-feira (11) que os peixes recolhidos nas praias baianas que foram atingidas pelo óleo estão “próprios para o consumo”. Em entrevista ao CORREIO, o diretor do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Francisco Kelmo, afirmou que as informações divulgadas pelo Ministério da Agricultura são insuficientes para confirmar ou refutar a liberação para o consumo de pescado. Ele cobrou mais transparência do governo na difusão dos dados.

“Eles não dizem em que parte do corpo do animal eles fizeram avaliação, se foi nos músculos ou se foi na bile, por exemplo. Eles não dizem quantos peixes foram avaliados. Não dizem como foi a coleta. Não revelam as concentrações que eles encontraram para dizer que os valores foram baixos, nem o método utilizado. A informação é muito vazia e não traz segurança. Não há dados suficientes para concordar ou refutar”, afirmou o pesquisador que coordena estudos relacionados ao assunto.

O professor e pesquisador pediu que essas e outras informações sejam mais detalhadas. “Estamos falando da saúde das pessoas. Não sabemos as consequências que isso pode ter. O governo precisa ser mais transparente”, disse.

A afirmação do Ministério da Agricultura veio após um estudo da PUC-Rio encomendado pela pasta, que mostrou que os frutos do mar não oferecem risco de contaminação. Mas o professor Renato Carreira, coordenador do laboratório que participou da pesquisa, afirmou ao Uol que os dados não permitem dizer que a pesca esteja liberada, nem que não haja animais contaminados.

Conforme o portal, os pesquisadores analisaram 21 amostras de peixes e lagostas coletados em Bahia, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte. O resultado de 12 dessas amostras já foi divulgado – o que resultou na nota do ministério -, e conclusões sobre as outras 9 são aguardadas para amanhã. “Nunca, em momento algum nosso laudo serve para dizer que a pesca está liberada”, disse o pesquisador ao Uol.

Ele trabalhou com mais nove pessoas no estudo. “[A forma como eles divulgaram o estudo] pode levar a interpretação que não é a que eu acho mais correta”, afirmou ainda. No acordo firmado entre a universidade e o ministério, ficou estabelecido que o estudo ficaria a cargo do laboratório, enquanto a divulgação seria competência exclusiva da pasta.

*Foto: Reprodução- Bruno-Conha-Secom-PMS

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