Luciano Bivar, deputado federal pernambucano de 74 anos, empresário e ex-presidente do Sport Club do Recife, joga tênis aos sábados e domingos. Em todo fim de semana, encontra o mesmo grupo de amigos (“o mais jovem tem 80 anos”, brinca) e, depois da partida, faz o “set sentado” — uma rodada de cerveja e algum petisco.
Nas últimas semanas, porém, tem evitado a todo custo tocar em um assunto: Jair Bolsonaro , o homem que está prestes a se desfiliar do PSL , partido dirigido por Bivar. “Se eu falava tanto (de uma pessoa), como eu vou dizer que agora é diferente, depois que passei dois anos desse jeito? Isso me deixa encabulado”, reconhece. “Estou lambendo uma ferida entristecida.”
É uma questão de se comprometer com as “teses” que tinha. “Se eu falar o tempo todo que uma pessoa é minha melhor amiga, que ela é formidável, e depois tenho um problema e alguém me perguntar: cadê ela? Eu não vou dizer nunca o que aconteceu. Vou dizer: faz tempo que não a vejo. Vou falar mal dela? Se eu vivia falando bem, como vou falar mal?”.
Os colegas questionam por que ele não fala nada de política. “Eu digo que já passei a semana toda em Brasília, fico desconversando.”. O compromisso entre Luciano Bivar e Jair Bolsonaro foi firmado por escrito em 5 de janeiro de 2018. O dirigente tem motivo de sobra para lembrar a data, já que enquadrou o documento e o mantém exposto na sede do PSL, um escritório recém-reformado, com dois andares, 525 m², 13 salas e 7 banheiros, alugado por R$ 47 mil ao mês. Ele pede a uma assessora que tire o quadro da parede e o traga à sala da presidência, onde deu entrevista a Época.