Filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro causou alvoroço quando sugeriu um novo AI-5 em caso de radicalização da esquerda. Entre os políticos que rechaçaram a fala do parlamentar, esteve o prefeito de Salvador, ACM Neto. O chefe do executivo soteropolitano classificou a fala como ‘inaceitável’ e uma ‘afronta à democracia’.
“A defesa intransigente da democracia está no DNA do Democratas. Sempre iremos condenar e combater quaisquer tentativas de ameaça à liberdade política e ao pleno funcionamento das instituições do nosso País”, disse o democrata.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) defendeu em entrevista à jornalista Leda Nagle medidas drásticas – como “um novo AI-5” – para conter manifestações de rua como as que ocorrem no Chile atualmente.
“Se a esquerda radicalizar a esse ponto, vamos precisar dar uma resposta.E essa resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada via plebiscito, como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada”, afirmou.
O Ato Institucional nº 5 foi o mais duro instituído pela ditadura militar, em 1968, ao revogar direitos fundamentais e delegar ao presidente da República o direito de cassar mandatos de parlamentares, intervir nos municípios e Estados. Também suspendeu quaisquer garantias constitucionais, como o direito a habeas corpus. A partir da medida, a repressão do regime militar recrudesceu.
Essa é a segunda vez em menos de uma semana que Eduardo faz uma declaração flertando com a ditadura militar. Na terça-feira, 29, um dia depois da entrevista, o deputado afirmou no plenário da Câmara que se houver no Brasil manifestações semelhantes às que ocorrem no Chile, os manifestantes “vão ter que se ver com a polícia” e, caso haja uma radicalização nas ruas, “a história irá se repetir”, sem explicar a que fato histórico se referia.
Foto: Marina Silva