Escrevo esta coluna no momento em que o Comitê de Política Monetária (Copom) está reunido e deverá reduzir a taxa de juros Selic para 5% ao ano. É a taxa mais baixa da história do País, quase três vezes menor do que a praticada no governo Dilma Rousseff, e vai mudar muita coisa no Brasil. Só não vai mudar a regalia dos bancos, que são os piratas da economia brasileira. O juro baixo vai fazer com que os recursos, que tornam o Brasil uma economia de “rentistas de curto prazo”, voltem ao mercado produtivo. Com o juro baixo, a poupança, os fundos de renda fixa e os melhores CDBs vão ter rentabilidade real, descontada a inflação, de 1% ou menos por ano. É essa rentabilidade insignificante que vai levar o investidor a montar um negócio próprio ou comprar ativos, como imóveis. O investidor pode preferir a Bolsa de Valores, mas estará investindo em papéis do mercado produtivo, o que é bom, e assumindo o risco inerente a esse tipo de mercado. Já o pequeno poupador, que desejar segurança e liquidez, pode permanecer na poupança, nos fundos de Renda Fixa e nos planos de Previdência Privada, mas tem de ir correndo ao banco para saber qual a taxa de administração desses investimentos, sob pena de auferir rentabilidade zero ou negativa ao final do ano. Juros baixos estimulam a economia e a aplicação financeira de longo prazo, como em títulos do Tesouro Direto, que viabilizam uma rentabilidade um pouco maior e permitem financiar o setor produtivo. Os investidores que estiverem dispostos a correr mais riscos terão, além da Bolsa de Valores, dezenas de combinações de fundos mistos, como os fundos imobiliários e fundos de inflação, que estão viabilizando rentabilidade expressiva, mas podem subir num mês e cair no outro, sem esquecer que rentabilidade passada não garante rentabilidade futura. O Brasil vai mudar com a queda dos juros, mas, infelizmente, nada acontecerá no mundo dos bancos: os banqueiros captam dinheiro a uma taxa três vezes menor do que a taxa vigente em 2014 e, apesar disso, a taxa de juros média do cheque especial e do cartão de crédito subiu e continua em absurdos 300% ao ano. Os bancos estão impedindo um maior investimento no País, pois os empréstimos para o setor privado têm juros de 40% ao ano, quase dez vezes maiores que a taxa Selic. Os juros estão caindo, mas o Brasil ainda está nas mãos de um bando de piratas reunidos em um poderoso cartel.
A PONTE VEM AÍ
A ponte Salvador-Itaparica pode sair do papel este mês. No próximo dia 21 de novembro, várias empresas interessadas apresentam propostas e, no dia 27, ocorre a licitação. A ponte se tornou viável quando o governo do estado resolveu aportar R$ 1,5 bilhão no projeto, cujo custo total será de R$ 5,34 bilhões. Mas, como este colunista afirmou em vários artigos, somente o aporte não viabilizava a obra, pois o pedágio não remunerava a operação. Mas o uso da modalidade de PPP com concessão patrocinada resolveu o problema: o governo prevê uma contraprestação ao parceiro privado de R$ 56 milhões/ano. Quem apresentar valor abaixo desse parâmetro ganha a licitação.
O CAMPO SANTO E O DIA DE FINADOS
Quem for ao secular cemitério Campo Santo no Dia de Finados vai ver que a modernidade chegou ao mercado funerário baiano. O Campo Santo implantou um novo modelo de negócios, com foco nos vivos, que compram uma unidade familiar de sepultamento em um sistema de módulos verticais ambientalmente sustentáveis. Resultado: o faturamento cresceu 97% em quatro anos e hoje é a mais rentável unidade da Santa Casa da Bahia. A verticalização dos cemitérios é uma tendência e em São Paulo está o maior deles, com 14 andares. No Campo Santo, serão investidos R$ 22 milhões na construção de um prédio com modernas instalações na Avenida Centenário em terreno contíguo ao cemitério.