A missa de canonização da agora Santa Dulce dos Pobres, rezada pelo Papa Francisco, (veja aqui) também canonizou outros quatro neste domingo, no Vaticano. São eles o teólogo e cardeal John Henry Newman (Inglaterra), as religiosas Giuseppina Vannini (Itália) e Mariam Thresia Chiramel Mankidiyan (Índia), e a catequista leiga Marguerite Bays
Segundo alguns analistas, a beatificação dessas pessoas responderia a uma ação ao mesmo tempo carismática e ideólogica, com a qual a Igreja quer mostrar que seus membros seguem “um caminho de amor nas periferias existenciais do mundo”. O papa Francisco, que no seu pontificado já canonizou quase 900 pessoas, busca aproximar os desvalidos com a canonização de pessoas que em vida estiveram em contato com as vozes humildes. Muitos consideram que Francisco é um papa populista e que a canonização de Irmã Dulce seria uma tentativa de conter o movimento de migração religiosa em direção a cultos evangélicos e uma resposta ao encolhimento do catolicismo. Nas periferias, as igrejas evangélicas se aproveitaram da ausência do Estado e da Igreja Católica para atuar como guias espirituais e promotores do assistencialismo.
O Brasil é a maior nação católica do mundo, com 123 milhões de seguidores, mas, mantida a tendência atual, em no máximo trinta anos católicos e evangélicos poderão estar empatados em tamanho na população. A canonização de Dulce era indispensável para coroar o trabalho de uma mulher que dedicou a vida aos pobres, mas atende também a esta política da Igreja.
Em 1970, 92% dos brasileiros eram católicos — hoje, são 64%. Quem mais cresce são os evangélicos, que, em quase cinquenta anos, saltaram de 5% da população para 22%. “O impacto dessa mudança é grande para a Igreja Católica”, dise José Eustáquio Diniz, demógrafo da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE em reportagem da revista Veja.