Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2008 e 2018, na Bahia, a fatia do orçamento doméstico utilizada para pagar despesas em geral se reduziu e, em média, as famílias deixaram de fechar o mês no negativo. Porém, isso não foi verdade para todos os lares no estado: 4 em cada 10 famílias baianas, justamente as que têm menos dinheiro disponível, gastavam mais do que ganhavam.
No ano passado, em média, as 4,9 milhões de famílias residentes na Bahia tinham um orçamento mensal disponível (soma de todo os rendimentos, incluindo de trabalho, aplicações, pensões, aluguéis etc.) estimado em R$ 3.803,08. O total de despesas (incluindo consumo, compra de imóveis, pagamentos de empréstimos, financiamentos, impostos etc.) chegava a R$ 3.423,63. Ou seja, em média, os gastos totais consumiam 90,0% do orçamento das famílias no estado.
O comprometimento do orçamento com despesas na Bahia (90,0%) era maior que no país como um todo. Em 2018, as cerca de 69 milhões de famílias brasileiras tinham um orçamento médio de R$ 5.426,70 e despesas totais que somavam R$ 4.649,03 e consumiam, portanto, 85,7% da renda familiar. A Bahia também ficava com o 5º maior comprometimento orçamentário entre os estados, abaixo de Rio Grande do Norte (96,2%), Amapá (95,2%), Maranhão (94,5%), Pará (92,1%). No outro extremo, em média, as famílias do Espírito Santo (79,3%), Distrito Federal (79,3%) e Roraima (70,0%) tinham os orçamentos menos comprometidos do país.
Ter 90,0% do orçamento destinado a pagar despesas não é pouco, mas a situação da Bahia já foi pior. Em 2008, em média, as famílias do estado estavam deficitárias: gastavam 102,5% mais do que ganhavam, o segundo pior cenário do Brasil. Em 2018, apesar da redução média no comprometimento do orçamento doméstico com despesas, 4 em cada 10 famílias baianas ainda gastavam mais do que ganhavam por mês, e eram justamente aquelas com menores rendimentos.
As cerca de 1,9 milhão de famílias na menor faixa de renda total (até R$ 1.908 ou 2 salários mínimos) dispunham, em média, de R$ 1.201,34 por mês e gastavam, ao todo, R$ 1.358,20, o equivalente a 113,1% do seu rendimento. Essas famílias eram as mais representativas no estado, 38,1% do total. O nível de comprometimento do orçamento com despesas cai no grupo de famílias que tinham rendimento entre R$ 1.908 e R$ 2.862 (91,8%) e volta a subir na faixa seguinte (95,8% entre as famílias com rendimento de R$ 2.862 a R$ 5.724). A partir daí o peso das despesas cai conforme aumenta o rendimento médio, chegando ao menor comprometimento (68,7%) entre o 1,3% de famílias que, no estado, dispunham de mais de R$ 23.850 mensais (apenas 64,9 mil famílias no total).
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