sexta, 22 de novembro de 2024
Euro 6.105 Dólar 5.8331

CLASSE ARTÍSTICA REAGE A OFENSAS DE DIRETOR DA FUNARTE A MONTENEGRO

Redação - 23/09/2019 16:40

Diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, o dramaturgo Roberto Alvim ofendeu Fernanda Montenegro em uma publicação no Facebook. Na postagem, Alvim chamou a atriz de 89 anos de “sórdida”. A atitude gerou indignação na classe artística, que se manifestou contra as declarações.

O ataque de Alvim contra Fernanda foi feito após a atriz posar para a capa da revista literária “Quatro cinco um”. Na edição de outubro da publicação, Fernanda é retratada como uma bruxa prestes a ser queimada em uma fogueira com livros.Nesta segunda-feira, o diretor voltou a ofender Fernanda, diante da repercussão do primeiro texto. Alvim reafirmou suas declarações e disse desprezar a atriz, a quem classificou como “mentirosa”.

Alguns artistas e fãs passaram a usar a hashtag @somostodosfernanda em posts sobre o caso nas redes sociais, como Drica Moraes.A atriz e diretora Guida Vianna foi uma das reações contrárias às afrmações de Alvim. Para ela, o dramaturgo deveria ser processado.

— É o maior absurdo que eu já li, ninguém pode ofender as pessoas desse jeito. Um presidente que elogia a tortura deveria ser processado, da mesma forma que um diretor que ocupa o cargo público, na Funarte, e ofende o maior ícone teatral do Brasil, também — defendeu.

Em comunicado, a Associação dos Produtores de Teatro (APTR) repudiou as declarações de Alvim. Leia a nota na íntegra:

A APTR repudia veementemente as declarações do diretor de Artes Cênicas da Funarte, Sr. Roberto Alvim, em suas redes sociais, onde classifica o não diálogo com a classe artística como uma “guerra irrevogável”.

Com a mesma intensidade, repudiamos a classificação da fala de dona Fernanda Montenegro como infantil, mentirosa e canalha. É absolutamente inadmissível que uma atriz com a sua trajetória seja atacada em seu livre exercício de expressão.

Desde que o mundo é mundo, as identidades de todos os povos são construídas através de símbolos, plenos de significados, originando histórias transmitidas de geração em geração. Por este motivo, quando o objetivo é destruir algo, o alvo é sempre o sagrado, o simbólico ou aquilo de maior valor afetivo.

Como cidadão, o Sr. Roberto Alvim pode expressar opinião, independentemente do campo social, cultural e ideológico. Já como gestor público de relevância nacional – ou seja, representando o país como um todo – o mesmo deveria atentar-se à natureza do seu cargo, pautando-se pelo respeito à classe que representa e aos profissionais consagrados por sua atuação.

Cuidar da cultura como um importante setor para a economia e a formação de um país trata-se de um exercício diário, ético e respeitoso. O mesmo se aplica ao cuidado que deveria ser adotado ao se referir a uma atriz como Fernanda Montenegro, um símbolo da identidade nacional, com reconhecimento em todo o mundo.

Persistiremos  na busca pelo diálogo, pela liberdade de expressão, pelo afeto ao fazer artístico e cultural  de nosso país. Tudo isso de forma civilizada e com total respeito à diversidade.

Para Pedro Granato, coordenador dos Centros Culturais e Teatros da Secretaria Municipal de Cultura de SP, um gestor no cargo que Alvim ocupa “não pode dar declarações de ódio”.

— Por um lado, é uma coisa profundamente infantil, de chamar a atenção. Então, ele pega uma pessoa como a Fernanda Montenegro, que não preciso nem defender, porque é uma atriz soberba e reconhecida mundialmente. Agora, a questão não é nem discutir o ataque, mas nos perguntarmos quanto tempo essa infantilidade vai durar num cargo público, porque tem coisas que ele não pode fazer, por ser ilegal.

 

*Foto: Reprodução| TNH1

 

 

Copyright © 2023 Bahia Economica - Todos os direitos reservados.