A queda da taxa de juros, que nesta quarta-feira voltou a descer um novo degrau – de 6,50% para 6% ao ano -, tem como efeito prático o achatamento nos investimentos de renda fixa. A nova Selic, agora no patamar mais baixo desde a criação em 1996, iguala os produtos disponíveis no mercado e recoloca a caderneta de poupança como uma opção atraente para o aplicador com aversão ao risco.
Em simulações de economistas, realizadas a pedido da reportagem, a poupança, que rendia 0,3715% ao mês ou 4,55% ao ano, passa a trazer retorno de 4,20% ao ano, superando assim boa parte dos fundos de renda fixa comercializados pelo mercado, com taxa de administração de 1%, e que na nova configuração terão retorno médio de 4% ao ano. Outros produtos do mercado, como tesouro Selic, CDB de banco médio e as letras de crédito (LCs), tanto de imóveis (LCIs), quanto do agronegócio (LCAs), trazem retorno ligeiramente superior à poupança, sem muito impacto no bolso do investidor.
Em tese, na opinião dos especialistas, a nova configuração vai forçar o investidor a assumir um pouco mais de risco para seu portfólio, seja na renda fixa, com a aquisição de crédito corporativo (debêntures), que são títulos de dívida emitidos por empresas, ou caminhando gradualmente para o mercado de renda variável.
“Não existe mais produtos matadores dentro da renda fixa que resolvam, por si sós, todos os problemas do investidor”, diz o gerente de produtos de investimento do Itaú Unibanco, Martin Iglesias. Para ele, o investidor vai precisar parar de buscar no CDI, com retorno na casa dos 5% ao ano, a referência para seus investimentos. “É preciso encarar o investimento pelo prisma do retorno acima da inflação, menos impostos. É assim no mundo inteiro, será assim também no Brasil”, diz. Iglesias repete o mantra da diversificação dos investimentos. E no topo dessa diversificação ele coloca o mercado local de ações. “A gente refaz essa lista de recomendação todo o fim do mês e, desde outubro do ano passado, a Bolsa está em primeiro lugar”, conta.