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DELTAN FOI PAGO POR PALESTRA EM EMPRESA CITADA NA LAVA JATO

Redação - 26/07/2019 09:15 - Atualizado 26/07/2019

O procurador Deltan Dallagnol, fez uma palestra remunerada no valor de R$ 33 mil para uma empresa que havia sido citada em um acordo de delação em caso de corrupção na própria força-tarefa da Lava Jato, segundo mensagens e documentos obtidos pelo The Intercept Brasil, analisados em conjunto com a Folha e divulgados hoje (26). Dallagnol recebeu R$ 33 mil da Neoway, uma companhia de tecnologia, quando ela já estava citada em uma delação que tem como personagem central Cândido Vaccarezza, ex-líder de governos petistas na Câmara que foi preso em 2017; e em negociatas na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras privatizada na terça-feira.

Além da palestra, realizada em março de 2018, Deltan aproximou a Neoway de outros procuradores, com a intenção de comprar produtos para uso da Lava Jato. Ele chegou a gravar um vídeo para a empresa, enaltecendo o uso de produtos de tecnologia em investigações – a Neoway vende softwares de análise de dados. Quando percebeu que havia recebido dinheiro e feito publicidade gratuita para uma empresa investigada pela operação que comanda no Paraná, o procurador confessou a colegas: “Isso é um pepino para mim”. Mas só escreveu à corregedoria do Ministério Público Federal para prestar “informações sobre declaração de suspeição por motivo de foro íntimo” quase um ano depois.

O procurador afirmou à Folha que não reconhece a autenticidade e a integridade dessas mensagens. A Neoway confirmou que presta serviços para a BR Distribuidora. Os contratos foram firmados em janeiro de 2012, novembro de 2014, março de 2017 e março de 2019 – este último ainda está vigente, com duração até março de 2020, no valor de R$ 3.385.140, e foi fechado com inexigibilidade de licitação. Ainda em nota, a Neoway diz que a contratação de Dallagnol para a palestra realizada em março de 2018 “foi remunerada em valores compatíveis com o mercado para atividades dessa natureza, com total observância às leis”.

Leia o diálogo:

  • Deltan Dallagnol – 11:04:20 – Qto isso é ruim? Legalmente não vejo qualquer problema, mas já estou sofrendo por antecipação com as críticas.
  • Dallagnol – 11:04:20 – Dando uma passada de olhos nos anexos do Luz, vejam o que achei
  • Dallagnol – 11:04:20 – (pdf ou link perdido)
  • Dallagnol – 11:04:20 – Empresa de TI que veio apresentar produtos de TI para LJ
  • Dallagnol – 11:04:20 – Isso é um pepino pra mim. É uma brecha que pode ser usada para me atacar (e a LJ), porque dei palestra remunerada para a Neoway, que vende tecnologia para compliance e due diligence, jamais imaginando que poderia aparecer ou estaria em alguma delação sendo negociada. Quero conversar com Vcs na segunda para ver o que fazer, acho que é o caso de me declarar suspeito e não sei até que ponto isso afeta o trabalho de todos (prov tem que ser redistribuído para colega da PRPR e dai designar todos menos eu para assinar). Pensando rapidamente o que provavelmente poderia fazer
  • ou informar: -Não tinha conhecimento, não participei da negociação -assim que tomei, me declarei suspeito e me afastei -a palestra remunerada é autorizada pelo CNMP e se deu em contexto de mercado (lançamento de produto de compliance) e por valor de mercado -já recusei palestra por conflito de interesses, mas nesse caso não foi identificado -como voltará à baila a questão das palestras, a maior parte das palestras é gratuita e grande parte do valor é doado

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