O governador Rui Costa (PT) criticou ontem alguns pontos da Reforma da Previdência. Na última segunda-feira, em reunião com parlamentares da bancada baiana no Congresso Nacional, o petista apresentou uma agenda prioritária do governo com itens para serem aprovados. “Os sete pontos que coloquei na reunião de ontem, e eu tenho feito questão de alinhar com os nossos deputados todos os posicionamentos dos governadores do Nordeste, são pontos que já havíamos acordado com o presidente da Câmara e o do Senado, de interesse de todos os estados brasileiros para aprovar no Congresso. Portanto, fui pedir empenho aos nossos senadores e deputados para que ajudem a federação e os estados. Quem de fato oferece saúde, educação e segurança para a população são os estados”, declarou, durante a inauguração da nova sede do Neojiba, no Parque do Queimado, no bairro da Liberdade.
Entre os pontos principais, destaca Rui, estão os itens de aumento no fundo de participação dos estados, participação dos estados nas receitas do petróleo, votação de leis que estão tramitando na Câmara e no Senado importantes para o povo brasileiro. “Sobre a reforma da Previdência, disse ontem aos nossos deputados que o texto da reforma que lá está, do ponto de vista das contas públicas estaduais, terá impacto mínimo ou nulo”, analisa. Ele voltou a lembrar que a Bahia deve ter esse ano de déficit previdenciário R$ 4,8 bilhões. Com o texto que está aprovado, a economia que a Bahia teria esse ano é de R$ 48 milhões. Esse valor é apenas 1% de R$ 4,8 bilhões.
Para Rui, o que resolve o problema é “aumentar as receitas, fazer o país crescer, gerar empregos e melhorar a economia”. “Disse aos deputados que, ao dar o voto, é importante que cada um se preocupe com a narrativa que o povo baiano e brasileiro vai ter. Me pareceu muito estranho e ruim você pedir sacrifício de pessoas que tem 60 anos, que ganham um, dois ou três salários mínimos, você isentar pessoas muito ricas de contribuir com a Previdência Social como a comissão fez – isentando, por exemplo, pessoas ricas do agronegócio de pagar para a Previdência Social. Isso é muito ruim. Ou todos pagam ou não podem só os pobres pagar a conta do déficit previdenciário. Em qualquer lugar do mundo, quem ganha mais, contribui mais”.
Ainda no evento, Rui falou que viu com “tristeza” a recusa do chefe da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, de ir a Câmara Federal prestar esclarecimentos sobre o escândalo das mensagens divulgadas pelo site The Intercept Brasil. “Eu e todos os brasileiros aprendemos que a instituição do Ministério Público sempre pregou a transparência e a verdade. E por isso essa instituição é tão importante para o povo brasileiro, para o Brasil e para qualquer país democrático do mundo. Portanto, acho que as instituições são mais fortes do que as pessoas. Digo sempre. Isso vale para qualquer instituição. A instituição não pode se curvar às pessoas e ao erro das pessoas, porque as instituições pertencem a nação. Então acho que qualquer cidadão brasileiro, principalmente um procurador do Estado, tem a obrigação de prestar esclarecimentos para a sociedade”.
O deputado federal Arthur Maia (DEM) criticou ontem o que chama de “insistência do governador Rui Costa em não apoiar a reforma da previdência”. Para ele, o chefe do executivo estadual “tenta jogar para a plateia enquanto age de forma irresponsável e coloca em risco as contas do estado, que tem um déficit previdenciário superior a R$ 4 bilhões”. “No fundo, o governador sabe que a Bahia e o Brasil precisam da reforma para garantir a sobrevivência da nossa Previdência. Contudo, prefere adotar uma postura irresponsável, por mera mesquinharia política”, ao não declarar apoio à matéria”, afirma.