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ESTUDO MOSTRA QUE MERCADO NÃO ACREDITA NA POLÍTICA ECONÔMICA DO MESSIAS

Redação - 04/07/2019 14:50

Um estudo realizado pelo portal G1, apontou que economistas do Brasil não acreditam que o governo do presidente Jair Messias Bolsonaro irá promover o crescimento da economia. Participaram do levantamento Alessandra Ribeiro (Tendências Consultoria), Alex Agostini (Austin Rating), André Perfeito (Necton), José Francisco de Lima Gonçalves (Banco Fator), Luís Paulo Rosenberg (Rosenberg Associados) e Marcel Caparoz (RC Consultores).

Embora não haja consenso sobre a dimensão do crescimento da economia até o final dos 4 anos de mandato de Bolsonaro, entre os economistas é unânime a avaliação de que, para 2019, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) não deve ser forte. Perfeito credita essa projeção ao fato de as medidas econômicas anunciadas até agora serem todas com efeito esperado de médio e longo prazo, em um cenário que nem a taxa de juros baixa consegue aquecer.

“Isso faz sentido com o estilo do (ministro da Economia) Paulo Guedes, ele tenta trazer ajustes de longo prazo. Mas esse ajuste está cobrando um preço alto no curto prazo”. Os economistas listam ainda outras razões para a perspectiva fraca neste ano – diferente do que se projetava meses antes. A pesquisa Focus, do Banco Central, por exemplo, já registrou 18 pioras seguidas na projeção do mercado para o PIB deste ano.

“Está havendo um ajuste do que os mercados esperavam do governo e o que o governo efetivamente tem feito”, diz Gonçalves. Uma das razões apontadas por ele é a falta de perspectiva de investimentos no curto prazo. “O ponto é que não há investimento, e não há como mudar uma decisão que foi tomada um ano atrás. Nem governo nem setor privado investem assim de uma hora para outra.”. Agostini também não espera um bom crescimento em 2019, “mas só a partir de 2020”. Ainda assim, ele condiciona essa projeção à aprovação da reforma da Previdência “sem frustração de receitas”.

Alessandra Ribeiro também diz que a aprovação da reforma é essencial para o crescimento, mas espera que a retomada de uma expansão econômica mais robusta aconteça somente a partir de 2021. Entre as razões que ela aponta para isso estão o cenário internacional, que não depende diretamente de medidas do governo, e o problema fiscal – que, esse sim, “depende na veia de governo”. Outro fator apontado por ela é a persistência do clima de incertezas, que posterga decisões de consumo e, principalmente, de investimentos.

“Outra coisa que o governo poderia fazer é reduzir a incerteza, que atrapalhou esse ano. Um governo mais centrado, menos fonte de problemas, crises e tensão, que é um pouco a marca do governo. Ele gera as próprias crises”, diz. Nesse quesito, a analista prevê que o problema deve seguir atrapalhando a economia durante todo o mandato.

“Nós não contemplamos um nível de incerteza muito baixo nesse governo. A gente joga para frente que vai ser um governo marcado sim por tensão no ambiente político”, diz Alessandra. Assim como ela, Rosenberg também aponta que o cenário externo e as crises internas não ajudam. “Se é verdade que a inflação é um tópico que sumiu do mapa, a perspectiva de uma recessão com os juros tão baixos como estão no mundo assusta”, diz. “Aqui dentro, o ponto mais negativo é o ‘desfocar’ do presidente. Ele dá uma importância a cadeirinha no banco traseiro para criança, permissão de armamento, fofocas entre filhos e militares absolutamente desproporcional”, critica o analista. No entanto, ele destaca que as expectativas em torno da equipe economista seguem positivas. “A convicção da equipe econômica e o talento dela são pontos muito positivos, e isso se mantém. A gente está desanimado no presente, mas a perspectiva de um Brasil mais moderno não sumiu”, diz Rosenberg.

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