No último mês de abril, 17% dos consumidores brasileiros tiveram crédito negado ao tentarem fazer uma compra a prazo. Dados do Indicador de Uso do Crédito, apurado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), divulgados hoje (26), mostram que a principal razão para a negativa é o fato de estarem com o nome inserido em cadastros de inadimplentes (27%) ou por falta de comprovação de renda (20%). Há também 22% de entrevistados que não souberam o motivo da negativa, 17% que não tinham renda suficiente e 14% que estavam com o limite de crédito excedido.
O Indicador de Uso de Crédito, que busca medir o uso das principais modalidades pelo consumidor, marcou de 31,4 pontos ante 30,2 pontos registrados em março. Pela metodologia, o indicador varia de zero a 100, sendo que quanto mais próximo de 100, maior o uso das modalidades; quanto mais distante, menor o uso.
A dificuldade em obter crédito é reafirmada por outros números constatados pelo levantamento. Na avaliação dos entrevistados, o financiamento é a modalidade mais difícil de obter aprovação, com 60% de citações. Nesse caso, apenas 11% consideram o processo fácil. Contratar um empréstimo é considerado difícil para 54% dos consumidores, ao passo que 42% avaliam como complicado obter um cartão de crédito. Já no caso das compras no crediário, 39% classificam como difícil a sua contratação.
Na avaliação do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, há uma limitação nos modelos atuais de análise e de concessão de crédito. “Hoje, as políticas de análise de crédito são baseadas apenas nas informações de negativação. Com a entrada do Cadastro Positivo neste ano, os credores poderão visualizar não apenas as contas que os consumidores têm em atraso, mas também aquelas que estão sendo pagas em dia. Isso significa que aquela parcela da população de renda mais baixa, que normalmente possui poucas garantias para fornecer em operações de crédito ou possuem registros pontuais de inadimplência, também poderá mostrar que é boa pagadora e ter mais acesso ao mercado de crédito”, explica Pellizzaro Junior.