O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) projeta que o Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, deve ficar próximo da estabilidade no segundo trimestre deste ano. A informação consta da ata da última reunião do comitê, que decidiu, na semana passada, manter a Selic, pela décima vez seguida, em 6,5% ao ano. Segundo a ata do Copom, a diretoria do BC concluiu que “houve interrupção do processo de recuperação da economia brasileira nos últimos trimestres”. No primeiro trimestre deste ano, o PIB caiu 0,2%.
“Essa interrupção fica nítida quando se adota perspectiva um pouco mais longa, que sugere ter havido uma mudança na dinâmica da economia após o segundo trimestre de 2018. Sob essa perspectiva, a recuperação da atividade econômica, que ocorria em ritmo gradual até então, perdeu ímpeto. Após leve recuo no primeiro trimestre de 2019, em decorrência dessa perda de dinamismo e de alguns choques pontuais, o PIB deve apresentar desempenho próximo da estabilidade no segundo trimestre”, diz o Copom, na ata.
Segundo o relatório, os próximos passos na definição da taxa básica de juros, a Selic, dependem da evolução da atividade econômica, das perspectivas e dos riscos relacionados à inflação. O Copom avalia que, por um lado, o “nível de ociosidade elevado” da economia pode continuar produzindo trajetória prospectiva de inflação abaixo do esperado. Por outro lado, uma eventual frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode elevar a trajetória da inflação.
“O comitê avalia que o balanço de riscos para a inflação evoluiu de maneira favorável, mas entende que, neste momento, o risco é preponderante”, diz a ata. De acordo com as projeções divulgadas no relatório, a inflação deve ficar dentro da meta tanto no cenário com manutenção da Selic quanto em situação de redução. “No cenário com taxa Selic constante em 6,50% ao ano e taxa de câmbio constante a R$ 3,85, as projeções condicionais para a inflação situam-se em torno de 3,6% para 2019 e 3,7% para 2020”.
“No cenário com trajetórias para a taxa de juros e de câmbio extraídas da pesquisa Focus [mercado financeiro], as projeções do Copom situam-se em torno de 3,6% para 2019 e 3,9% para 2020. Esse cenário supõe, entre outras hipóteses, trajetória de taxa Selic que encerra 2019 em 5,75% ao ano e se eleva a 6,50% ao ano em 2020. Também supõe trajetória de taxa de câmbio que termina 2019 e 2020 em R$ 3,80”, afirma o Copom. A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em maio, o indicador fechou em 4,66% no acumulado de 12 meses.
Para 2019, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu a meta de inflação em 4,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não poderá superar 5,75% nem ficar abaixo de 2,75%. A meta para 2020 foi fixada em 4%, também com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual. A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.