A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou que gostaria que a abstinência sexual fosse um tema abordado nas escolas. Em entrevista à BBC News Brasil, Damares disse que tratar da questão poderia evitar a infecção de jovens pelo vírus HIV e a gravidez precoce. Na mesma conversa, a gestora reclamou de receber a pecha de “ministra maluca”.
“Eu gostaria que a abstinência fosse também um método a ser discutido em sala de aula. Eu gostaria muito de conversar sobre isso com os jovens”, disse ela na entrevista, acrescentando: “Estamos vendo uma campanha muito grande do sexo pelo prazer, tão somente pelo prazer, mas voltar a falar do afeto, trazer o afeto para esse debate, acho que é o método mais eficiente para a não gravidez, não é a camisinha, não é o diu, não é o anticoncepcional, o método mais eficiente é a abstinência. Por que não falar sobre isso? Por que não falar de retardar o início da relação sexual ? Eu defendo essa tese.”
A ministra, que disse ter sido tachada de “maluca” numa tentativa de atingir o governo, esteve na Argentina para participar de uma reunião com parlamentares antiaborto e, na mesma ocasião, disse que a legislação sobre aborto no Brasil deveria continuar como está. Apesar disso, afirmou que é pessoalmente contra o aborto inclusive para vítimas de estupro. Para ela, essa mulher sofre duas vezes, e se é “vítima” do estupro, ao mesmo tempo é uma “carrasca” ao praticar o aborto . Ao falar sobre atenção à gestante, Damares elogiou o programa “Rede Cegonha” do governo Dilma Rousseff dizendo que a iniciativa era “incrível”.
“A que abortou, abortou. Aquela que não quer o bebê, ela tem programas de adoção no Brasil. Mas claro aquela que optou por não abortar, ela traz uma criança. E a gente não vê politica pública para essa mulher. A gente tem o aborto garantido para a que optou por abortar, mas não tem para a outra”, questionou.