Sem que o consumidor se dê conta, compras parceladas podem comprometer mais do que o desejado no orçamento. É o que indica pesquisa do aplicativo Guiabolso feita com 278 mil usuários: 20% deles tinham pelo menos uma parcela de alguma conta para pagar no mês e, destes, um terço tinha mais de 51% da renda comprometida com as parcelas.
Além disso, 20% das pessoas que tinham parcelas a pagar no mês da pesquisa, feita em março, ainda teriam parte do orçamento dos próximos meses comprometida com as compras parceladas. Para 17% dos consumidores desse grupo as parcelas só terminariam depois de mais de 50 meses.
“A gente percebe que o custo do parcelamento pode ser a organização financeira da pessoa”, diz Thiago Alvarez, cofundador do Guiabolso. Ele explica que, mesmo quando não há desconto para o pagamento à vista, parcelar a compra pode não ser uma boa opção. “Ainda que financeiramente haja uma vantagem em postergar um gasto sem juros, planejar os próximos meses fica mais complicado”, afirma.
Para Angela Nunes, da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar), o problema está na falsa impressão de que determinadas compras cabem na renda mensal apenas por oferecerem parcelas de menor valor. “Consumo não é uma questão matemática, mas sim de comportamento. Ao ver o valor a pagar por mês e fazer contas mentais, as pessoas acham que o orçamento é elástico”, explica. A planejadora aconselha que, caso opte por parcelar alguma compra, o consumidor já lance o valor nos meses seguintes no planejamento do orçamento. “É preciso lembrar que, quando parcelamos, estamos adquirindo dívidas.”