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PROFESSORES GREVISTAS REBATEM GOVERNADOR: “ELE MENTE”

Redação - 21/05/2019 18:55 - Atualizado 21/05/2019

Por Ane Catarine – Supervisão Gabriela Marotta

“O governador mente”, foi assim que os professores da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, representados pelo vice-presidente da Associação dos Docentes da UESB (Adusb), Hayaldo Copque, se posicionaram sobre as criticas polêmicas feitas pelo chefe do Executivo baiano Rui Costa (PT), na última segunda-feira (20).

Segundo Copque, não há partidarização do movimento grevista, já que o estado de greve se estabeleceu antes da primeira reunião de negociação. Copque afirma ainda que desde 2015 as universidades, junto com os sindicatos, tentam negociar com o governo.

“Nós estamos protocolando a pauta de reivindicação desde 2015. Somente no ano de 2017 que entramos em estado de greve. Uma semana após, o governador, vendo que a greve seria deflagrada, ordenou que Adriano Tambone, superintendente de RH da Saeb, sentasse com o corpo docente para discutir as problemáticas a cerca das reivindicações. Isso foi feito. Sentamos com ele e acordamos que a greve seria decretada e nós continuaríamos conversando sobre as questões. Agora Rui vem com essa farsa, dizendo que houve greve antes da negociação”, disse em entrevista ao Portal Bahia Econômica.

Quando questionado sobre o surpreendente salário de um professor em regime exclusivo ser de R$ 20 mil mensais, e caso não tem exclusividade, R$ 17 mil, Copque negou veracidade da informação dizendo que o governador mostra “total desconhecimento sobre as universidades”.

“O governador fala como se tivéssemos um número absurdo de professores ganhando R$ 20 mil mensais. Muito pelo contrário! Para que um possível salário de R$ 20 mil seja real, para um professor que atua com regime de dedicação exclusiva, ele precisa ter percorrido uma longa carreira. Existem várias classes de professores: ‘auxiliar, assistente, adjunto, titular e pleno’, cada uma dessas com os níveis A e B”.

Ao criticar a greve, o governador chegou a criticar a quantidade de horas em que os professores se mantém em sala de aula. “É muito pedir a um professor de que dê 8h de aula por semana?”, questionou Rui. Esse argumento também foi rebatido pelo vice-presidente Adusb, que declarou que também faz parte do trabalho do professor coordenar e participar de projetos de extensão, fazer pesquisas, administrar colegiados, corrigir atividades, entre outras. “A vida de um professor acadêmico vai além das 40h semanais, até em casa estamos trabalhando”, disse Copque, acrescentando que o Estatuto do Magistério Superior, em seu artigo 22°, diz que um professor que faz pesquisa e extensão com dedicação exclusiva pode ter sua carga horária reduzida.

O representante dos professores também não poupou críticas ao governador, quando questionado sobre investimentos para a educação: “o que o governador investe em educação superior, mostrando aquele gráfico ascendente, ele se esquece de colocar a inflação ali dentro. Nos últimos dois anos ele cortou também parte do orçamento das universidades estaduais. Foram cortados R$ 110 milhões das universidades estaduais, mas isso o governador não fala”.

Além dessas questões levantadas, o governador causou polêmica, mais uma vez, no início da noite de ontem (20), ao dizer que “mensalidade em universidade pública não deve ser tabu”. O Governador defendeu a adoção de novas formas de financiamento das universidades públicas, incluindo o incentivo a doações, parcerias com a iniciativa privada e cobrança de mensalidade de estudantes de alta renda familiar.

Diante das respostas do governo, que não atendem à pauta de reivindicações do movimento grevista, a assembléia docente da Uneb, no final da tarde da última segunda-feira (20), no campus de Salvador, decidiu pela continuidade da greve. O posicionamento do governador sobre a greve, de acordo com professores da instituição, além do desrespeito à categoria, demonstrou que o gestor não conhece a realidade das universidades estaduais baianas.

Reivindicações

A categoria, que está em greve há 43 dias, pede aumento de 5,5% de reajuste, o que corresponde, segundo os professores, à reposição das perdas salariais ao longo de quatro anos. Além disso, que não haja intervenções no Estudo do Magistério Superior sem o aval do movimento docente. Os docentes querem ainda 7% da receita liquida para as universidades para investimento em pesquisas, extensões e estrutura.

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