O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) de Salvador caiu 3,5% em abril na comparação com março e volta aos 114,6 pontos, mesmo patamar registrado em janeiro, anulando o avanço de 3,8% obtido até o terceiro mês. No entanto, no contraponto anual houve pequena elevação de 1,8%. É o que mostra o índice apurado mensalmente pela CNC e Fecomércio-BA. O indicador varia entre 0 a 200 pontos, sendo que de 0 a 100 pontos é considerado patamar pessimista e de 100 a 200 pontos patamar otimista.
Além de ter sido a maior queda desde junho do ano passado, período em que houve a greve dos caminhoneiros, também foi registrado neste mês de abril retração generalizada nos três subíndices que compõem o ICEC. E o destaque negativo foi o dado chamado Índice de Condições Atuais do Empresário do Comércio (ICAEC) que passou de 98,6 pontos em março para 92 pontos em abril, ou seja, recuo de 6,7%.
Para o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, “o interessante é que a avaliação atual da conjuntura da economia soteropolitana está minimamente pior do que há um ano, quando o índice estava nos 92,7 pontos”. Ainda segundo ele, esse é o sinal de que a “lua-de-mel” com o início do novo Governo começou a se esgotar. Isso porque, desde novembro, houve uma série de quatro altas consecutivas, acumulando 50% de crescimento, mas como o quadro econômico e político tão aguardado não foi atingido até o momento, é natural que haja esse início de frustração e recuo da confiança.
A segunda maior retração foi do Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC) com -3,1% e marca os 95,3 pontos. “Apesar de estar 3,8% acima do visto em abril de 2018, esta segunda redução mensal significa que os empresários estão diminuindo a intenção de contratar mais funcionários, realizar investimentos e também reflete uma avaliação de que o estoque está relativamente maior do que o adequado em consequência do menor ritmo de vendas”, explica Guilherme.
O quadro menos otimista do presente também vem contaminando as expectativas. O Índice de Expectativa dos Empresários do Comércio (IEEC) recuou 1,8%, porém ainda permanece num patamar elevado de otimismo com 156,6 pontos. Superior também aos 153,2 pontos deste mesmo mês do ano passado. “O entendimento captado pela pesquisa é de que o cenário nacional para os próximos meses é menos positivo que o quadro da própria empresa do comércio. No entanto, se permanecerem fracos os resultados da atividade econômica, certamente haverá um impacto mais profundo na avaliação do próprio negócio no futuro próximo”, analisa o economista.
Os números do ICEC de abril devem ser olhados com muita atenção. Todos os índices, subíndices e subtemas analisados pela pesquisa recuaram no mês, queda generalizada. Essa reversão de tendência após uma sequência de alta – observada desde o final do ano passado – e que deve continuar nos próximos meses pode gerar um efeito danoso com o potencial ciclo negativo, ou seja, comércio vende menos, demanda menos dos fornecedores, tem que ajustar quadro de funcionários que também influencia na redução do consumo.