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GOVERNOS DEVEM SER RESPONSÁVEIS PELA POUPANÇA, DIZ ECONOMISTA

Redação - 30/04/2019 07:53

Quer poupar, mas não consegue? Há todo um ramo da ciência econômica que procura explicar por que isso acontece com tantas pessoas. Mais que isso, pesquisa formas de ajudar quem gostaria de guardar mais dinheiro, mas não consegue transformar os planos em prática. “É ainda mais difícil poupar hoje em dia, porque todas as grandes empresas usam milhares de dados para conhecer seus hábitos e fazer você consumir cada vez mais. Não é fácil resistir a tamanha tentação”, diz a economista Wendy de la Rose, 29, fundadora de um instituto para ajudar famílias a usar melhor seu dinheiro, o Common Cents Labs.

Ela criou também o Irrational Labs, na Universidade Duke, e é pesquisadora de economia comportamental na Wharton, escola de negócios da Universidade da Pensilvânia. Neste mês, Wendy participou em São Paulo da Silicon Valley Conference, evento que discutiu tecnologia e inovação. A economista diz que uma das principais causas da dificuldade de poupar é o que os economistas comportamentais chamam de viés do presente (present-bias). Esse mecanismo psicológico faz com que se evitem sacrifícios presentes, que seriam necessários para ter benefícios no futuro.

É o viés do presente, por exemplo, que faz com que alguém devore uma pizza enquanto faz planos para emagrecer. O laboratório fundado por Wendy tem trabalhado com governos, ONGs e fintechs (empresas de tecnologia na área de finanças) para criar soluções que ajudem os indivíduos a vencer esses mecanismos antipoupança. Isso passa não só por atitudes individuais, como agendar aplicações financeiras periódicas, mas por políticas públicas. Um dos pontos mais importantes, segundo ela, é automatizar os depósitos. Governos e sociedades precisam decidir pelos cidadãos e construir regras que levem as pessoas a poupar automaticamente para a velhice e para emergências, diz ela.

“Só isso vai mover a agulha em direção à saúde financeira. É ingênuo achar que um indivíduo será capaz de vencer o cientista de dados de uma companhia que tem milhões de dados e é especialista em fazer as pessoas comprarem.” Wendy diz que a ideia não é tirar a liberdade das pessoas, que poderiam desistir da poupança automática quando quisessem, mas assumir a responsabilidade pública de assegurar que as pessoas se preparem para o futuro. “Não existe posicionamento neutro sobre isso. Não fazer nada significa deixar a maioria despreparada para o futuro, porque sabemos que, sem incentivo, elas não vão agir. Não intervir é decidir, como sociedade, não criar poupança para a aposentadoria.”

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