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BRASIL DEVE TER 50 MIL MORTES ATÉ 2030 POR DECISÕES POLÍTICAS

Redação - 27/04/2019 10:45

Um estudo do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA) apontou que 50 mil pessoas devem perder a vida, entre 2017 e 2030, em decorrência de medidas de austeridade fiscal na cobertura da Atenção Primária à Saúde (APS). O levantamento foi realizado em colaboração com pesquisadores da Universidade de Stanford e do Imperial College de Londres.

Segundo o professor e pesquisador do ISC/UFBA, Davide Rassela, que liderou o estudo, a pesquisa começou há dois anos e analisou dados de 5.507 municípios brasileiros. São consideradas mortes prematuras os óbitos que acontecem em pessoas com menos de 70 anos, provocadas por problemas na Atenção Primária, como doenças infecciosas e deficiências nutricionais.

“O que percebemos foi que a tomada de decisões políticas, sobre austeridade fiscal e ligadas à cobertura da Atenção Básica, terão impacto direto sobre a saúde da população, principalmente, sobre as mais pobres e que dependem dessas assistências. Essa foi a primeira vez que foi realizado um estudo como esse no Brasil, que analisa concretamente as consequências das decisões políticas na saúde da população”, afirmou.

Na prática, os pesquisadores fizeram projeções matemáticas tomando como base o congelamento dos gastos com a saúde por 20 anos anunciado pelo Governo Federal em 2016, na possível extinção do Programa Mais Médicos e na Emenda Constitucional 95/2016, que instituiu em 2016 um Novo Regime Fiscal no país. De acordo com o levantamento, essas mudanças políticas vão afetar diretamente a qualidade de vida dos brasileiros e provocar 50 mil mortes até 2030. Hoje, o Brasil tem uma média de 1,1 milhão de óbitos por ano.

O estudo que apontou as 50 mil mortes prematuras como consequência de decisões políticas contou com a participação de outros cinco pesquisadores e foi publicado na BMC Medicine, uma das principais revistas médicas do mundo. O levantamento mostra um impacto maior nos municípios mais pobres, além de um aumento nas desigualdades ao afetar, principalmente, a população negra (pretos e pardos).  Para os pesquisadores, apesar de realizar uma projeção para o Brasil, o estudo é um alerta para todos os países de baixa e média renda.

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