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RUI SE DIZ “IMENSAMENTE PREOCUPADO” SOBRE BOLSONARO

Redação - 27/03/2019 16:30 - Atualizado 27/03/2019

Pela falta de diálogo com o governo Jair Bolsonaro, os governadores devem buscar uma interlocução direta com o Congresso Nacional, fortalecendo o Parlamento. Essa é a avaliação do governador Rui Costa (PT), um dia depois da reunião de governadores com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Rui critica o governo por manter a “beligerância e o clima de guerra” da campanha eleitoral e afirma ter a percepção de que o país está rumo ao “colapso”. Além disso, o petista reclama da postura do governo Bolsonaro no encontro com os governadores e diz que o ministro da Economia foi “arrogante” e pouco aberto a negociações.

“A minha sensação é que eles estão tentando governar com a mesma beligerância e o mesmo ambiente de guerra que foi a campanha. E governo, seja ele quem for, qual for, de esquerda, direita, centro, uma vez chegando ao governo tem que provocar, promover a união, produzir sínteses, consensos. Quem é governo tem a obrigação de apresentar soluções”, diz Rui. O governador afirma estar “imensamente preocupado” com a postura do presidente Jair Bolsonaro nos três primeiros meses de governo e diz que os governadores não podem permitir “que o país afunde”.

“Se o ambiente for esse, cada um vai buscar se virar como pode. Os governadores, se não encontrarem como não encontramos até aqui um diálogo com o governo, vamos buscar dialogar direto com o Congresso Nacional. Vamos tentar uma relação direto com o Congresso para pelo menos buscar salvar a sobrevivência dos Estados”, diz . “Todos os interlocutores do governo — e também parece que na Câmara, no Senado e os que têm relação com os governadores — , têm uma postura às vezes de arrogância, agressiva. É preciso retomar isso para um patamar de diálogo, de produção de consenso e buscar ajuda de todo mundo para reconstruir e voltar a crescer o nosso país”, afirma.

“A condução da reunião foi toda no sentido de afrontar e não promover consenso. Se eu reúno prefeitos, deputados, a mim cabe o papel de congregar, de unir, de chegar a entendimento. Essa é minha responsabilidade como governador do meu Estado. Não posso reunir prefeitos, deputados e começar a dizer desaforos, emparedar, para não pedir nada. Não conquista ninguém assim. Nunca vi ninguém conquistar alguém ameaçando, agredindo, sendo arrogante”, afirma o petista. Costa relata que os governadores têm uma agenda econômica que deve causar conflitos com a União, como a revisão da Lei Kandir e o ressarciamento de recursos previdenciários dos servidores estaduais aposentados que contribuíram com o INSS. E, diante da falta de um canal de diálogo com o governo Bolsonaro, os governadores deverão recorrer também ao Judiciário, além do Legislativo para pressionar o Executivo federal.

“Passaram-se três meses e os momentos de diálogo são muito ruins, além de vazios, do ponto de vista de apresentação de qualquer proposta. Os governadores têm que fazer alguma coisa. Não podem levar quatro anos apenas se lamentando. Se o governo federal não tem dado até aqui demonstrações de que é capaz de fazer essa síntese, eu diria que os governadores tentarão promover a sobrevivência dos Estados”, diz o governador da Bahia. “Para isso, toda uma agenda junto ao Congresso e eventualmente ao Judiciário para resolver pendências antigas, inclusive débitos antigos do governo federal com os Estados.”

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