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HILTON COELHO CRITICA COMEMORAÇÕES DO GOLPE DE 1964

Redação - 26/03/2019 14:15

Membro da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), o deputado estadual Hilton Coelho (PSOL) criticou com veemência a decisão do presidente Jair Bolsonaro comemorar o golpe militar de 1964. “Um fã declarado do torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra só pode não ter apreço pela democracia e orientar que os quartéis comemorem o golpe de 1964 no dia 31 de março. No dia que celebramos o Dia Internacional do Direito à Verdade, o presidente da República aparece com esta decisão que, repito, não nos surpreende. O que esperar de quem admira torturados e facínoras Pinochet e Stroessner?”, questiona.

Hilton Coelho, que tem Mestrado em História pela UFBA, lembra que “a liberdade política é um princípio que não abrimos mão. Na madrugada de 31 de março de 1964, foi deflagrado um golpe militar contra o governo democraticamente eleito do presidente João Goulart, que culminou com sua derrubada em 1º de abril, instalando a ditadura militar que perdurou até 1985. O golpe estabeleceu um regime autoritário, politicamente alinhado aos Estados Unidos, e marcou o início de um período de profundas modificações na organização política do país, bem como na vida econômica e social. Colocou fim à liberdade de opinião e expressão, de imprensa e organização. Tornaram-se comuns as prisões, os interrogatórios e a tortura daqueles considerados suspeitos de oposição ao regime, comunistas ou simpatizantes, sobretudo dos trabalhadores, estudantes, jornalistas e professores. Centenas de opositores ao regime foram mortos ou desapareceram”.

O parlamentar afirma que “Jair Bolsonaro teve uma carreira militar medíocre e sua capacidade é mínima. Se fosse mais informado, saberia que as punições da ditadura atingiram militares democratas de todas as patentes, segundo dados da Comissão Nacional da Verdade (CNV), incluindo oficiais, entre eles, foram 354 do Exército, 150 da Aeronáutica e 115 da Marinha. Todos tiveram suas carreiras bruscamente interrompidas, muitos foram presos e torturados e alguns até mesmo mortos a tiros ou declarados suicidas em circunstâncias suspeitas. A Força mais atingida foi a Aeronáutica, com 3.340 militares perseguidos, seguida pela Marinha (2.214) e pelo Exército (800)”.

Hilton Coelho conclui afirmando que “a sociedade deve sempre lembrar que no dia 1º de abril de 1964 se consolidou no Brasil uma ditadura militar e com ela as práticas de repressão e de violência de Estado. As violações aos direitos humanos vitimaram centenas de democratas através de cassação de direitos políticos, prisões arbitrárias, torturas covardes e assassinatos de lutadoras e lutadores do povo. Não podemos esquecer a ditadura militar, suas ações tiranas e as consequências deixadas. Não podemos deixar de lado figuras representativas a exemplo de Carlos Marighella, todo o movimento popular, político, social e o trabalho coletivo para a reconstrução democrática”.

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