A Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) investiga se partes dos 117 fuzis encontrados incompletos, na última terça- feira, no Méier, na Zona Norte da cidade , e que pertenceriam ao sargento reformado da PM Ronnie Lessa, suspeito de matar a vereadora Marielle Franco, ainda estão escondidos em algum local. As armas estavam guardadas em caixas e foram apreendidas na casa de Alexandre Motta da Silva, amigo de Lessa há mais de 20 anos. Os dois foram presos na terça-feira, a exemplo de Élcio Queiroz, suspeito de ter dirigido o carro usado na execução de Marielle.
O armamento incompleto (os fuzis estão sem cano de direcionamento de tiro, parte do carregador e o mecanismo de disparo) tem valor estimado pela polícia em R$ 3,5 milhões. Se estivessem completos, o valor chegaria a até R$ 4 milhões. O delegado Marcus Amim, da Desarme, disse que as equipes da especializada já estão investigando o que pode ter acontecido com as partes do fuzis que não foram encontradas.
— Estamos realizando diligências neste sentido. Pode ser o material que falta esteja escondido em algum lugar ou que ainda não estivesse chegado para o Ronnie. O cano que direciona o disparo, por exemplo, não existe em qualquer lugar — disse o delegado. A apreensão dos 117 fuzis, modelo M-16, foi a maior já registrada pela Polícia Civil no Rio de Janeiro. Por conta do encontro do armamento, Ronnie Lessa e Alexandre passaram a ser investigados pela Desarme por crimes de tráfico de armas e lavagem de dinheiro. Nesta quinta-feira, Marcus Amim adiantou que a polícia trabalha com a hipótese de que Lessa venderia os fuzis para mais de um comprador.
— Pela quantidade do material apreendido, por se tratar de um mesmo modelo de fuzil ( M-16), não teria como ser vendido apenas para uma única organização criminosa. Trabalhamos com a hipótese de que haveria mais de um comprador. Os fuzis apreendidos, que estão sem o cano , tem valor estimado em torno de R$ 3,5 milhões. Se estivessem completos valeriam algo em torno de R$ 4 milhões. Isso tudo é muito dinheiro para um só comprador — disse o delegado. Ouvido na DH, Lessa admitiu, nesta quarta-feira ao prestar depoimento, que era o dono dos fuzis e inocentou o amigo. Ao ser preso, Alexandre havia alegado que apenas guardou caixas em sua casa, trazidas por Lessa, em dezembro, e que não sabia que elas continham armas em seu interior.