Foram 45 anos servindo à travessia Salvador-Itaparica e levando em cada viagem até 600 passageiros e 90 veículos. Depois de anos de serviço e parado desde o final de 2017, o ferry-boat Agenor Gordilho vai ganhar uma nova função. Está previsto para o segundo trimestre deste ano o naufrágio controlado da embarcação, que passará a servir de atração para o turismo de mergulho.
Segundo informações da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), responsável pela fiscalização do serviço, a vida útil de embarcações como a Agenor Gordilho gira em torno de 30 anos. Portanto, diante da idade do barco e do custo benefício de uma recuperação, a reforma não era indicada. Desta forma, o Governo do Estado decidiu atribuir função turística ao ferry, que havia passado por uma reforma de cerca de R$ 5 milhões em 2013.
A nova atração deve naufragar na própria Baía de Todos-os-Santos até o meio deste ano, mas os estudos para a realização do afundamento já estão acontecendo desde setembro de 2018. Hoje, o Estado aguarda licença ambiental do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema). O ferry, que se encontra no terminal marítimo de Bom Despacho, em Itaparica, está em fase final de preparação para o procedimento. Isso inclui a retirada de peças que possam representar riscos aos mergulhadores, bem como de todo material potencialmente tóxico, evitando a contaminação do meio ambiente. Antes do afundamento, a embarcação será vistoriada. Equipes da Marinha e de órgãos ambientais também realizarão inspeções, segundo informações da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (Setur).
Para a professora do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Tânia Tavares, toda preocupação com a preparação do barco para o naufrágio deve visar a proteção do meio ambiente. “A embarcação precisa estar livre de combustível, com os tanques limpos, por exemplo. Não pode haver esse tipo de material e é preciso estudar o local para que tenha profundidade suficiente”, Tânia Tavares, professora da UFBA.
Segundo a professora, se estes cuidados forem tomados, o naufrágio controlado não é prejudicial ao meio ambiente, desde que ocorra de maneira pontual. O que não pode acontecer é o afundamento de diversas embarcações numa mesma região “Se forem muitas, o equilíbrio ambiental pode ser quebrado, possivelmente diminuir a biodiversidade, afetar as cadeias alimentares. Não há como prever exatamente”, esclarece.
Para realizar todo o processo do naufrágio, a Setur contratou uma empresa do Espírito Santo, especializada nesse tipo de serviço. O contrato, no valor de R$ 410 mil, prevê que a empresa atue na realização de estudos prévios de localização e de impactos ambientais do naufrágio, no processo de afundamento e no posterior monitoramento ambiental e obtenção de liberação para o turismo de mergulho. Com o valor investido, o Governo do Estado pode naufragar até três embarcações.
O investimento do estado no setor de turismo náutico e de mergulho, segundo a Setur, visa manter a Bahia alinhada com um dos principais focos do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur). A ideia é oferecer infraestrutura, como marinas e bases náuticas, na Baia de Todos-os-Santos.
“O trabalho vai proporcionar maior visibilidade para a Baía de Todos-os-Santos, intensificando o turismo náutico e o turismo de mergulho, atrativos com potencial para atrair visitantes de todo o mundo, com alto poder aquisitivo para movimentar a economia na zona turística”, explica o subsecretário estadual do Turismo, Benedito Braga.