A economia brasileira segue em retomada mas ainda não deslanchou: é o que mostram os números de crescimento do terceiro trimestre divulgados nesta sexta-feira (30) pelo IBGE. A expansão do PIB (Produto Interno Bruto) de 0,8% em relação ao trimestre anterior veio em linha com as expectativas e foi a melhor do ano até agora, mas deve ser vista no contexto de uma base fraca no período anterior.
“O terceiro trimestre foi ensanduichado pela greve dos caminhoneiros em maio e as eleições em outubro, dois eventos turbulentos por si só com impactos relevantes no nível de atividade”, diz a nota de Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados. Um sinal disso é que os dois setores com melhor resultado trimestrais entre os serviços estão entre os que foram mais afetados pela greve: transporte, armazenagem e correio (2,6%) e Comércio (1,1%).
Ela aponta que enquanto o consumo do governo está relativamente estagnado, o que é natural diante das restrições orçamentárias, há uma boa notícia: a recuperação do consumo das famílias, que responde por 64% do PIB e desde a saída da recessão teve resultado positivo em todos os trimestres. O desemprego está em queda, ainda que lenta, e outro dado positivo foi o crescimento de 6,6% do investimento na base trimestral e de 7,8% na base anual.
“Isso tudo tem a ver com um ambiente de maior confiança, relacionado ao fato do governo Temer entregar contas públicas mais equilibradas. A queda dos juros também tem impacto tanto sobre o consumo quanto sobre o investimento”, diz Vinícius Müller, professor do Insper. No entanto, vale notar que o investimento foi auxiliado por uma mudança de metodologia que passou a contabilizar plataformas de petróleo nessa rubrica e não mais como importação.