O prefeito de Salvador presidente nacional do Democratas, ACM Neto, afirmou ao blog de Júlia Duailib, da Globo, que a escolha de três nomes do partido como ministros do futuro governo de Jair Bolsonaro não pode ser atribuída à legenda. Ele ainda considerou que a “prioridade” do partido é a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) como presidente da Câmara.
“Não se pode querer atribuir ao partido a escolha do presidente eleito Jair Bolsonaro”, declarou Neto. “As escolhas não desagradam ao partido, de jeito nenhum. Fico feliz porque isso mostra que temos bons quadros. Mas não se pode querer atribuir ao DEM as escolhas de Jair Bolsonaro”, completou.
Na entrevista, o prefeito de Salvador se referiu aos nome de Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) para o Ministério da Saúde, além de mais dois democratas componentes do novo governo, Onyx Lorenzoni, na Casa Civil, e Tereza Cristina, na Agricultura.
De acordo com o blog, partidos do centrão e o próprio PSL, de Bolsonaro, começam a reclamar que o DEM ocupará espaço significativo no governo e que, portanto, não deveria ficar também com a presidência da Câmara. Além de Maia, há outros seis deputados que pretendem disputar o cargo, três deles próximos a Bolsonaro: João Campos (PRB-GO), Alceu Moreira (MDB-RS) e Capitão Augusto (PR-SP).
Entra no radar do cálculo político dos democratas uma suposta resistência de aliados de do presidente eleito a apoiar Rodrigo Maia. Com isso, líderes de partidos do chamado “centrão” veem nas indicações do DEM uma tentativa de criar uma situação que inviabilize a reeleição de Maia. Operar nessa perspectiva estaria de acordo com estratégias de Lorenzoni, que não tem boa relação com o presidente da Câmara e que foi o responsável pela indicação de Mandetta.
Para ACM Neto, vincular as nomeações dos três ministros ao DEM faz parte do “jogo” de quem quer disputar a presidência da Câmara contra Rodrigo Maia. “Isso é parte do jogo. O Congresso sabe, quem importa sabe que as indicações não são do partido.”
O presidente do DEM disse que a “prioridade” é a reeleição de Maia, mas que ele não irá “dificultar” a ida de nenhum quadro para o futuro governo. “Todos são qualificados e podem ocupar as pastas.”
Neto, porém, argumentou que a participação dos três ministros democratas no governo Bolsonaro não significa o ingresso do partido à futura base governista. Ele esteve reunido hoje em Brasília com Onyx Lorenzoni para discutir a relação do partido com o futuro governo. “É um encontro para se iniciar um diálogo. Para avaliarmos se entramos na base. E essa não é uma decisão só minha. Passa pela executiva do partido.”
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