Em 2017, 8 em cada 10 moradores de Salvador eram negros, ou seja, se autodeclaravam de cor preta ou parda, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE. Os negros (pretos + pardos) somavam 2,425 milhões, ou 82,1% das 2,954 milhões de pessoas que viviam na cidade naquele ano. Por isso mesmo, além de capital da Bahia, Salvador tem o posto de capital negra do país. A liderança do município em relação à participação de negros no total da população se deve sobretudo à maior presença de pessoas que se declaram de cor preta. Elas eram, em 2017, quase 4 em cada 10 moradores de Salvador, 36,5% do total da população. É também a maior proporção entre as capitais brasileiras, e o equivalente a 1,078 milhão de pessoas.
Tanto a participação de negros (82,1%) quanto a de pessoas que se declaram de cor preta (36,5%) em Salvador eram bem superiores à média do Brasil, onde 55,4% da população é formada por pretos ou pardos, e os que se declaram pretos são menos de 1 em cada 10 pessoas (8,6%). As pessoas de cor preta e a soma de pretos e pardos também eram mais representativas na capital do que na Bahia como um todo. No estado, pretos e pardos somavam 80,2% da população em 2017 (apenas a 4ª maior participação do país), enquanto os que se declaravam pretos eram 20,9%, ou 1 em cada 5 moradores do estado – neste caso, o maior percentual dentre as unidades da Federação.
Mas, quando se trata de estatísticas por cor ou raça, Salvador também está no topo de um outro pódio: o da desigualdade salarial. Na média dos três trimestres de 2018, o rendimento dos trabalhadores que se declaravam de cor preta ficou em R$ 1.640 na capital baiana, o equivalente a 1/3 (ou -67,0%) do que ganhavam os trabalhadores que se declaravam brancos (R$ 4.969), segundo a PNAD Contínua Trimestral. Era a maior diferença salarial entre brancos e pretos dentre as capitais brasileiras, também significativamente superior às diferenças no Brasil e na Bahia como um todo. No país, nos três primeiros trimestres de 2018, os trabalhadores de cor preta tiveram rendimento médio de R$ 1.608, pouco mais da metade (55,6%) do que ganharam os de cor branca (R$ 2.891).