Prefeitos dos municípios baianos acompanham com apreensão a perspectiva de que os médicos cubanos engajados no programa “Mais Médicos” devam abandonar o país, em função de declarações do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), que questionam a formação dos profissionais de saúde vindo da ilha.
De acordo com informações da Secretaria Estadual da Saúde da Bahia (Sesab), o estado possui 1.522 médicos do programa, dos quais, 846 são cubanos. Hoje, o “Mais Médicos” atende a 363 municípios baianos.
Na próxima segunda (19) pelo menos 100 prefeitos do Estado devem participar de mobilização em Brasília, e o assunto, certamente, estará em pauta.
Em nota distribuída á imprensa, o presidente da UPB, Eures Ribeiro, afirmou a necessidade de uma resposta rápida, para que a população não fique desassistida:
“Recebemos a notícia com muita preocupação. Esses médicos atuam, muitas vezes, em lugares que médicos brasileiros não aceitam ir, na zona rural, comunidades distantes, quilombolas e indígenas. É lamentável para a população ter que voltar a sofrer com a falta de atendimento na saúde básica. O efeito será desastroso para estratégia de Saúde da Família nos municípios”, considerou o gestor.
Prossegue Eures na nota:
“Observamos que esses profissionais eram os mais atenciosos, iam à casa dos pacientes, tinham uma ausculta cuidadosa e cumpriam carga horária, diferente do quadro que vivíamos antes de médicos que cobravam o triplo do valor e trabalhavam em três municípios diferentes, sem dar a carga horária contratada. E estamos falando de municípios pequenos com menos de 20 mil habitantes, com muita dificuldade de fixação dos médicos daqui. Na verdade, o que tínhamos era quase um leilão na região quando aparecia um médico, quem dava mais tinha o serviço. Não podemos voltar a essa situação”, conclui o presidente da UPB.