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CORREIOS FECHA MEGA AGÊNCIA HISTÓRICA DA PITUBA

Redação - 07/11/2018 07:10 - Atualizado 07/11/2018

Na década de 80, avançava pelas capitais brasileiras o plano do extinto Ministério das Comunicações de construir agências dos Correios sob um mesmo molde, as chamadas agências modelos. Chegada a hora de Salvador, em 1983, o prédio inaugurado na Pituba era um decalque de prédios como os já erguidos em Porto Alegre. Os engenheiros envolvidos na obra mal podiam acreditar. Conta-se, então, que começaram a prever o futuro da estrutura: “Não vai longe”. Os problemas previstos pelos engenheiros somaram-se e, nessa terça-feira (6), a agência do bairro, a maior e mais conhecida da cidade, funcionou pela última vez. Até março de 2019, o edifício deve ser completamente desativado.

 

O anúncio do último dia dos Correios da Pituba estava fixado numa folha de papel colada na entrada da agência. Era o único aviso material do fim da agência inaugurada no dia 16 de julho de 1983. Na verdade, coube aos funcionários comunicar a despedida, seja por avisos diretos ou pela emoção visível em alguns rostos. Atrás de um dos balcões, Lúcio, um dos 38 funcionários do posto, brincava: “Bora equipe, honrar esse último dia”. O aposentado José Carvalho respondeu, num desses estímulos do atendente, incrédulo: “Como é? Sem sacanagem”. Mas ele já desconfiava de alguns problemas que poderiam indicar o fim.

 

Numa visita à Diretora Regional dos Correios, sediada no prédio da empresa, ele sentiu a falta dos móveis de jacarandá antes ali expostos, além da precariedade da estrutura. “Vi que tinha algo de errado. Cheguei a comentar na época. Mas, de qualquer jeito, foi um susto… uma agência dessa fechar…”, lembra José. A falta reparada por José, usuário dos serviços da agência há pelo menos 15 anos, era um dos sinais dos problemas alastrados pelo prédio de 17 de andares, dos quais apenas nove estão em funcionamento. A estrutura do edifício começou a apresentar risco a colaboradores e clientes.

 

Em novembro de 2014, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) notificou a estatal a apresentar relatório ou o laudo de vistoria técnica do imóvel. Dois anos depois, realizou a interdição administrativa pela falta de recuperação de falhas encontradas, como ausência de recuperação elétrica e hidráulica. Na última visita, no dia 26 de setembro, técnicos da pasta identificaram que nenhuma mudança estava sendo executada. Foi quando a empresa de envio e entrega de correspondências no Brasil anunciou que, dali até março, o prédio seria desocupado.

 

A decisão do fechamento da agência, no entanto, sequer havia sido anunciada oficialmente para os funcionários, segundo o presidente dos Carteiros, Josué Canto. Somente no último mês começaram a ser informados pela empresa. “É claro que que a gente fala de condições de trabalho, porque elas precisam ser melhores. Mas, agora, a gente nem sabe direito para onde os funcionários vão. Estamos correndo para ver isso”, diz ele.

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