Um estudante de magia cai em no Abismo, se desconstrói como uma pessoa do mundo moderno e se transforma em um personagem de um lugar desconhecido, completamente diferente. Neste lugar, a cada porta, encontra monstros que querem destruí-lo, enquanto ele precisa recompor suas forças para retornar ao seu mundo. Esse é o enredo de Dungeos Crowley, game que vai ser lançado em outubro, durante a Brasil Game Show 2018, maior feira de games da América Latina.
“É um jogo procedural, infinito. Cada vez que você joga, as fases são geradas aleatoriamente, assim como os inimigos e armas. Ele é um ‘hack n slash‘, ou seja, você vai coletando itens, subindo levels, aprimorando skills e enfrentando inimigos cada vez mais difíceis. Isso tudo gerado em tempo real. Cada vez que se joga, é diferente”, explica o programador Andrei Daldegan.
Dungeon Crowleyé um jogo para ser jogado multiplayer, com até quatro participantes, onde cada um traz uma personalidade, uma despersonalização do personagem central. Para desenvolver o game, a equipe da Animvs já somou mais de 900 horas de trabalho.
Só a primeira parte
É importante ressaltar que Dungeon Crowley, é um fragmento do jogo maior, o Nine. “Este é o primeiro lançamento relacionado com o Nine. Em um certo momento do Nine, o personagem neófito conhece o abismo. E a queda no abismo é o Dungeon Crowley.”, complementa Luiz Henrique Bussolo, level-designer da Animvs.
Para financiar a criação independente de jogos autorais brasileiros, o grupo de desenvolvedores de Curitiba trabalha há três anos na produção deste um super-jogo, com potencial para competir com os melhores games do segmento. O projeto se coloca entre as produções mais complexas do mercado.
O carro chefe é IX – The Pilgrim’s Path, ou Nove, a Jornada do Peregrino), game em primeira pessoa, FPS (First Person Shooter), idealizado pelo programador Andrei Daldegan, de 32 anos. A obra está 65% concluída mas seus criadores estimam que terão pela frente pelo menos 1,5 mil horas de trabalho até a finalização.
“No Brasil, o mais próximo do Nine, em termos de jogo autoral, seria o Toren. É um bom exemplo de jogo brasileiro bem sucedido”, aponta Andrei. Lançado em 2015, Toren vendeu mais de 50 mil cópias, a US$ 9,99 cada, para computadores e também foi distribuído em outras plataformas. Assim como Toren, o Nineé compatível para PC, XBox One e PS4.
Planejamento e paixão por games
Para viabilizar o game autoral de alta complexidade, Andrei traçou um plano. O primeiro passo foi desenvolver jogos para concorrer a prêmios em dinheiro e estruturar sua empresa, a Animvs. Para isso, Andrei conta com a ajuda de Luiz Henrique Bussolo, level-designer, e Igor Bueno, game-designer. A equipe também conta colaboradores pontuais, como o ilustrador Bruno Ferrari.
A estratégia inicial deu certo: a Animvs ganhou dois prêmios em concursos de criação de jogos para o Sebrae, somando R$ 70 mil. “Estes jogos já traziam sinais escondidos com lembretes de que faziam parte da criação de um objetivo maior”, aponta Andrei. As reais intenções dos criadores aparecem em inserções de “easter eggs”, uma espécie de segredo escondido nos sistemas dos jogos. São cartas e imagens subliminares que remetem ao Nine, escondidas nos jogos de empreendedorismo.
Com o capital inicial obtido com os prêmios, Andrei montou um estúdio de programação em sua casa no bairro Capão da Imbuia, em Curitiba, e tem mantido a estrutura necessária para desenvolver os jogos autorais. São três os principais games em desenvolvimento, mas todos os esforços giram em torno do Nine(IX – The Pilgrim’s Path), carro chefe da equipe. Os outros dois são Last Stand e Dungeon Crowley, que vai ser lançado na BGS em outubro.
“Trabalhamos muito para que os nosso desenvolvimento não tivesse influências externas ou comerciais. Queremos lançar games autorais, 100% brasileiros!”, reforça o game-designer Igor Bueno.