Um das maiores redes de eletrodomésticos e móveis da Bahia A insinuante está a beira de um final trágico. Com uma dívida bilionária que se aproxima dos R$ 5,2 bilhões, o grupo está em processo judicial e pode fechar as portas a qualquer momento. No final de agosto, sexta-feira (24), a história da Insinuante e seus antigos funcionários, em parte incorporados à Ricardo Eletro, parece ter sido novamente reconfigurada. A Máquina de Vendas, fusão do negócio com a empresa mineira e a outras três lojas, iniciou processo de recuperação extrajudicial para renegociar a dívida de R$ 3 bilhões – metade com fornecedores. O dono da antiga Insinuante, Luiz Carlos Batista, ficará com apenas 12% do capital, enquanto a gestora Starboard, companhia que compra participação em empresas, terá 72,5% de todo o lucro futuro, segundo acordo confirmado pela Ricardo Eletro.
A ação iniciada pela Máquina de Vendas, explica o advogado Diego Montenegro, é um mecanismo utilizado justamente para as empresas negociarem sem restrições legais os seus débitos. Como uma primeira tentativa antes de arriscar na Recuperação Judicial, quando as corporações são praticamente reestruturadas, ou na Falência.“Basicamente, a empresa devedora e os credores estabelecem livremente um plano e, se aceito por pelos menos 3/5 do grupo, o acordo pode ser protocolado”, afirma Montenegro.
Antes, seis credores já haviam pedido na Justiça falência contra a Ricardo Eletro. O pedido não ter sido aceito é um alívio para os empregados e os representantes sindicais em Salvador. Afinal, decretar falência seria o início da espera por mais demissões em massa. E, quem sabe, o início de problemas com pagamentos de direitos trabalhistas até então inexistentes, segundo o diretor de formação sindical do Sindicato dos Comerciários de Salvador, Walter Cândido.
O grande problema tem sido outro: o pagamento de mais de mil funcionários da Insinuante e da Ricardo Eletro que dizem não ter recebido por alimentação, de 2010 a 2013. No dia 22 de agosto, a 28ª Vara do Trabalho de Salvador determinou o pagamento revisto e reajustado aos colaboradores e ex-colaboradores. Os valores a serem pagos variam por dia trabalhado, mas o pagamento diário é de, em média, R$ 8,40.
Outra briga também chega aos tribunais. Do ano em que foi extinta, em 2016, até o momento, a Insinuante foi alvo de 331 processos no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), na Bahia. Segundo cálculo do TRT solicitado pela reportagem, a empresa é alvo de 524 ações trabalhistas – seja por pagamento de algum direito trabalhista até algum pedido por dano moral. Em outros estados, como no Maranhão, Pernambuco e no Ceará, onde a Insinuante funcionou, foram 55, 96 e 25 ações abertas, respectivamente. Extinta ou não, a Máquina de Vendas precisará responder por todas as 700 queixas.