O governo tenta retomar ainda em 2018 a produção nacional de urânio, paralisada em 2014 após o esgotamento da mina de Caetité, no sudoeste baiano. Dono da sexta maior reserva mundial, o país vem gastando cerca de R$ 100 milhões por ano com a importação do minério para abastecer as usinas nucleares de Angra.
De acordo com o presidente da estatal INB (Indústrias Nucleares do Brasil), Reinaldo Gonzaga, uma nova mina no município baiano já está praticamente pronta para começar a operar, mas depende ainda de licenciamento. A expectativa é que a retomada da produção ocorra até o fim do ano. “Neste momento, estamos trabalhando com a Cnen [Comissão Nacional de Energia Nuclear] para montar um cronograma e definir quando daremos partida na mina”, disse Gonzaga, que inaugurou nesta quinta (30) ampliação da unidade de enriquecimento de urânio em Resende (RJ).
A nova mina tem capacidade para produzir 400 toneladas anuais, mesma capacidade da mina anterior. Após a mineração, o urânio é transformado em um pó chamado de “yellow cake”, que passa pelo processo de enriquecimento para a produção do combustível nuclear. O Brasil é um dos 12 países que detém tecnologia para enriquecer urânio, mas ainda importa grande parte de seu consumo. Após a etapa de ampliação inaugurada nesta quinta, a fábrica de Resende tem capacidade para enriquecer volume equivalente a 50% da recarga anual de Angra 1, a menor usina nuclear do país.
A primeira fase do programa de enriquecimento de urânio, que prevê a instalação de dez cascatas —sete delas já em operação —a capacidade chegará a 70% de Angra 1. A INB precisa, porém, de mais R$ 500 milhões para concluir o projeto, o que espera fazer até 2021. Uma segunda fase, com a instalação de 33 cascatas, está orçada em R$ 2 bilhões, e garantiria o abastecimento todo o complexo nuclear de Angra sem depender de importações. Gonzaga admite que a crise fiscal dificulta a aprovação dos recursos, mas defende que o enriquecimento de urânio no país gera “economia significativa” na produção com combustível nuclear.