É num casarão de dois pisos cor de terra com janelas verdes, à beira do Lago Sul, em Brasília, que atua um dos mais combativos grupos setoriais do Congresso. A 10 minutos de carro da Praça dos Três Poderes, parlamentares proprietários de terras, produtores rurais e simpatizantes dos negócios do campo reúnem-se toda terça-feira pela manhã para afinar o discurso e decidir ações políticas de interesses do setor.
Levantamento do Estadão/Broadcast nos registros do Congresso mostra na segunda reportagem dessa série que a atual representação política do agronegócio chega a 210 deputados e 26 senadores, num total de 236 políticos em exercício (39,7% dos congressistas), em 18 partidos. Destes, 119 deputados e seis senadores (21%) assumem a ligação. Essa articulação setorial opera na Frente Parlamentar Mista da Agropecuária (FPA), criada em 2015 com assinaturas de 198 deputados e 27 senadores (38% dos 594 congressistas), e que pode alcançar 260 votos, superando os 257 votos (maioria absoluta) exigidos para determinadas matérias. Entre os deputados, 42 vivem do agro e 80 admitem ligações.
Entre os que se consideram da FPA, há ainda os que não assumem ligação com “ruralistas”. É o caso de Benito Gama (PTB-BA). “Não me considero da bancada porque não sou do setor, sou economista e professor.” Nestas eleições, em que o apoio do grupo é cobiçado por quase todos os candidatos, em mais uma prova de sua força, pelo menos 93 deputados pretendem manter o mandato, oito querem vaga no Senado e cinco tentarão vaga nos governos estaduais, mostrando que a aposta do setor na renovação é baixa. No Senado, dois são produtores rurais, cinco se dizem ligados ao setor, seis serão candidato à reeleição, um está indeciso, um disputará a Presidência (Alvaro Dias, PODE-PR) e um é candidato a governador (Ronaldo Caiado (DEM-GO).