Aclamado aos gritos de “Rui é correria”, o governador Rui Costa (PT) e pré-candidato à reeleição realizou ontem (26) a edição soteropolitana do Programa de Governo Participativo (PGP), evento que pretende colher sugestões de eleitores para a composição do plano de governo para a próxima gestão, em caso de nova condução ao Palácio de Ondina.
O evento prece ter dado o tom da campanha, a dois meses da votação em primeiro turno. A fala de Rui permite entrever uma campanha pautada por questões nacionais, como os percalços do país em sua lenta recuperação da crise econômica, além da estratégia de argumentar contra a prisão do ex-presidente Lula e o impeachment da ex-presidente Dilma, apeada do cargo por conta das “pedaladas” – suposta maquiagem contábil que envolveria proposital atraso em repasse de dinheiro devido a bancos públicos.
Durante sua fala, Rui chegou a referir-se a quatro anos de recessão, período do qual o país ainda não havia saído, e creditou tal desempenho ao governo Temer – “que tem a pior avaliação popular da história”, conforme frisou diversas vezes. Ainda assim, há que se ponderar, na contramão de tais declarações, que a recessão brasileira começou ainda no primeiro trimestre de 2015, portanto, no governo Dilma, e se aprofundou em 2016, sendo que a economia apenas voltou a dar sinais de vida a partir do ano passado, ainda que de maneira tímida, conforme se pode perceber a partir de breve análise de informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados, porém, foram relativizados na fala do governador, que apostou em polarizações como potenciais elementos que devem pautar a campanha nos próximos meses. Tais polarizações se referem à rivalidade entre a elite e o povo e à região nordeste e sudeste. Diz Rui:
“A necessidade maior hoje do povo brasileiro é ter emprego, ter trabalho para sustentar suas famílias. Muitos jovens concluem hoje a universidade e os cursos técnicos, mas o Brasil vive quatro anos de recessão, por que eles tomaram de assalto o governo federal. Quem tomou de assalto não gosta do nordeste brasileiro, quem tomou de assalto não gosta da Bahia, quem tomou de assalto não gosta de gente simples. Eles acham que esse país vai conseguir crescer maltratando o povo que mais precisa”.
A rejeição ao governo Temer veio acompanhada da enumeração de realizações positivas durante os governos petistas, em especial o governo Lula. Conforme Rui:
“Aquele que sofre hoje a maior perseguição política e institucional desse país é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. (…) Eu gosto de citar, para que o povo possa conhecer, o que o Banco Mundial chamou de ‘A Década de Ouro do Brasil’. (…) Esse foi o período da história do Brasil no qual mais se construiu casa para o povo. Foi o período da história do Brasil no qual mais se criou universidades nesse país”, prossegue.
Em seguida, Rui Costa comemorou os resultados de pesquisa que apontam Lula como líder das pesquisas de intenção de voto. “E isso ainda apesar de preso há mais de 100 dias sem dar uma entrevista sequer”, argumentou. O próximo evento da campanha petista é a convenção do partido, agendada para sábado (4), no Centro de Convenções.