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OAS PRESENTEAVA POLÍTICOS COM ITENS DE LUXO, DIZ O GLOBO

Redação - 08/06/2018 16:28

Uma lista de “lembrancinhas” à qual o Jornal O Globo teve acesso com exclusividade traz uma série de mimos com os quais a Empreiteira baiana OAs costumava presentear autoridades. Alguns itens chamaram atenção do periódico que divulgou a lista: caixa de vinho italiano Sassicaia, que pode custar R$ 2,5 mil por garrafa, mais de 300 vezes o que custa um vinho popular, de supermercado; gravatas finas, kits com utensílios para churrasco, que custam entre R$ 500 e R$ 800, o suficiente para comprar, pelo menos, seis vezes o valor de conjuntos mais em conta.

A lista mostra que César Mata Pires, o herdeiro do grupo OAS, gostava de presentear políticos como o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, e o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab.

O senador tucano e ex-chanceler José Serra ganhou uma caixa com seis garrafas do mesmo rótulo. Já na lista de 13 agraciados pela OAS com gravatas, aparece o pré-candidato do PSDB à presidência e ex-governador do Estado Geraldo Alckmin. A planilha, no entanto, não revela os valores ou a marca das gravatas.

Ainda aparece na lista o nome da senadora e ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (MDB) e do ex-presidente do PT Rui Falcão. Até o ex-presidente da CBF Marco Polo Del Nero também teria sido presentado pela construtora com gravatas. Além deles, outras figuras de menor expressão de PT, PR, MDB, PSD e PSDB, ainda constam na lista. No entanto, nenhum indício de crime ou de contrapartida dos políticos à empreiteira é citado no documento.

As versões dos citados (em entrevistas ao Jornal O Globo):

“Não me lembro do vinho. Fui amigo de Cesar Mata Pires. Ele costumava me presentear nos dias de aniversário com uma gravata, cujo preço nunca me ocorreu indagar. O certo é que esses gestos de delicadeza nunca foram associados a contrapartidas”, afirmou o ministro Aloysio Nunes por meio de nota.

Serra, por sua vez, não quis comentar o assunto. Kassab também não se recordou do presente e disse, por meio de nota, que “quando foi prefeito de São Paulo, presentes recebidos em seu endereço privado eram encaminhados diretamente ao cerimonial da Prefeitura”.

Segundo o ministro, nos casos de bebidas, “era prática comum que elas fossem servidas em eventos oficiais da Prefeitura, respeitando a legislação vigente”. “No Governo Federal, sempre foi seguido o Código de Conduta da Alta Administração Federal”, segue a nota.

Questionada, a senadora do MDB afirmou, por meio de sua assessoria: “não tenho ideia do que se trata”. Já o PR informou, também em nota, que “os dirigentes e representantes do Partido da República têm por norma não comentar conteúdos que serão objeto de investigação”.

O ex-presidente da CBF Marco Polo Del Nero disse que conhecia Cesar Mata Pires, e que era comum receber pequenos presentes de alguns empresários que visitavam a CBF. Contudo, ele disse não se recordar de ter recebido uma gravata da OAS, e que seu relacionamento com Cesar Mata Pires era “meramente social”.

A assessoria de Alckmin informou que o tucano “jamais fez da política uma forma de apropriação de riqueza, de aproveitamento, de troca de favores ou de mesquinharias” e que “qualquer bem que fosse entregue a seu gabinete era, por vontade e ordem do próprio ex-governador, destinado a entidades de caridade ou ao Fundo Social de Solidariedade, e jamais poderia estar vinculado ao exercício do cargo”.

Com informações do Jornal O Globo e do Jornal Extra.

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