Os vereadores de Salvador empreendem na tarde de hoje uma acalorada discussão acerca da implantação do Bus Rapid Transit (BRT) em Salvador. O debate tem lugar na chamada Super Terça, ocasião na qual os edis soteropolitanos se reúnem para discutir os problemas da cidade, em sessões nas quais se efetiva a presença de cidadãos soteropolitanos interessados no debate. Na discussão acerca do BRT, foram previstas 70 vagas para que os interessados no assunto e representantes de movimentos sociais acompanhem o evento. O presidente da Casa, Léo Prates, dividiu as galerias entre manifestantes favoráveis e contrários à implantação do modal. O clima é de jogo de futebol, com as pessoas vibrando (ou mesmo vaiando) cada opinião de vereadores contrários e favoráveis ao BRT, que se revezam na tribuna por períodos de cinco minutos.
Há, inclusive, momentos nos quais se instala um clima de intolerância e os edis sobem o tom contra os seus adversários, fazendo com que a Câmara de Salvador passe a compartilhar da mesma hostilidade verificada nas redes sociais.
O deputado Alexandre Aleluia (DEM) afirmou que as esquerdas centram ataques ao BRT por não terem agenda. “É uma agenda melancia: verde por fora, vermelha por dentro”, ironizou. O edil não poupou críticas nem mesmo ao cantor e compositor Caetano Veloso, que se manifestou contra a implantação do modal via redes sociais. Embora não tenha, em nenhum momento, citado o nome do artista, foi possível à audiência presumir que a pecha de “decadente” teria sido impingida ao filho de Dona Canô. “Trata-se de proselitismo ideológico e palhaçada”, disse Aleluia em relação aos protestos contra o modal.
A vereadora Aladice Souza (PC do B) se referiu a assassinatos cometidos durante o governo Geisel, recém divulgados pelo acesso de historiadores brasileiros a memorandos da CIA a respeito do assunto, como testemunho de uma suposta capacidade destrutiva das direitas. A vereadora ainda citou um documento da prefeitura, emitido ainda em 2014, segundo o qual não haveria relatório de impacto ambiental em relação à implantação do BRT, pois a construção não contaria com projeto básico, portanto, as obras estariam sendo iniciadas sem licença dos órgãos de fiscalização ambiental.
Porém, a mais enfática fala do início da tarde foi do vereador Téo Sena (PTC), que veio à tribuna munido de dados e informações acerca das obras do governo do estado em Salvador, nas quais houve desmatamento em grandes proporções, mas sem o volume de queixas dos movimentos sociais, verificadas em relação ao BRT, disse Sena. O edil citou a implantação da avenida 29 de Março, que teria ceifado 5 mil árvores, além do tamponamento do Rio Jaguaribe, episódios que, segundo ele, não contaram com a contestação dos ambientalistas. O vereador Hilton Coelho (PSOL), por sua vez, citou o suposto aspecto obsoleto do BRT, sendo as cidades de Palmas (TO) e Feira de Santana citadas entre as que desistiram de implantar o sistema.