Coordenador do recém-criado Observatório de Política Fiscal do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), o economista Manoel Pires alerta que o problema fiscal no Brasil poderá amplificar a crise no dólar. Pires disse que, se o cenário externo de incertezas aumentar, a questão fiscal será vista como urgente para o Brasil reduzir a sua vulnerabilidade.
“A depender da incerteza eleitoral, os efeitos da alta do dólar podem ser potencializados pelo impasse fiscal”, adverte Pires, que foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Para ele, quem ganhar a eleição, seja de esquerda ou direita, e não fizer reforma do Orçamento, perde a capacidade de governar. Veja a seguir os principais pontos da entrevista
O cenário externo mudou. Quando uma economia está muito fraca, o País pode ter uma pequena depreciação cambial com impacto econômico grande. Quando a economia está menos frágil, o país pode ter uma depreciação na mesma magnitude, mas com impacto econômico menor.
A nossa grande vulnerabilidade hoje é fiscal. Nossos indicadores externos de inflação e juros estão bastante favoráveis. A discussão sobre crise está muito mais associada à questão fiscal num momento de eleição que pode trazer um candidato com um programa menos contundente nessa área.
Uma candidatura que não traga soluções para o problema fiscal ou não coloque como prioritário na sua agenda pode correr o risco de o Brasil passar por um reprecificação de risco para a economia. Ou seja, haverá menos recursos disponíveis ao País. O problema fiscal amplifica o efeito da crise externa. E a depender da incerteza eleitoral, os efeitos da alta do dólar podem ser potencializados pelo impasse fiscal.