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PRÉDIOS OCUPADOS EM SALVADOR TÊM ATÉ LISTA DE ESPERA: ‘A GENTE NÃO TÁ AQUI PORQUE QUER’

Redação - 10/05/2018 09:30

“Parece sonho, mas é real”. Era o slogan do condomínio que começou a ser construído em 2008 no bairro do Trobogy, e deveria ter sido entregue em 2011. Sete anos depois, quem busca abrigo nas três torres inacabadas e destruídas pela ação do tempo não são as mais de 300 famílias que adquiriram o imóvel anos atrás. “A gente não está aqui porque quer, estamos em busca de moradia”. A explicação é de Cristiano Pereira, desempregado que vive no local com a mulher e os cinco filhos.

Ele foi um dos primeiros a morar no condomínio inacabado, que após ser abandonado pela construtora – que decretou falência e não deu segmento à obra – foi ocupado por membros do Movimento Nacional de Luta Pela Moradia. Cristiano e os cerca de 200 vizinhos não são os únicos vivendo em ocupações insalubres em Salvador.  Além de condições precárias, todos compartilham o medo de um fim como o dos moradores do Edifício Wilton Paes de Almeida, em São Paulo.

Em meio a prédios de classe média, o Atlantic Beach, no Stiep, se destaca. Apesar do nome cheio de pompa, o requinte ficou apenas no projeto que não saiu do papel. Na construção inacabada repleta de infiltrações moram 72 famílias que fazem parte do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). O Jornal da Metrópole esteve no local na última terça-feira (8), mas foi impedido de visitar a área interna do prédio. “Vieram aqui, tiraram foto e só mostraram a parte ruim. Quer dizer, querem colocar a gente para correr, né?”, reclamou uma moradora desconfiada.

O curto-circuito que deu início ao incêndio no edifício Wilton Paes, em São Paulo, não é uma realidade distante dos prédios ocupados no Trobogy, onde fios emaranhados levam a energia da rua para os apartamentos ocupados. De acordo com Cristiano, os moradores tentam se organizar para garantir o mínimo de infraestrutura. “Um colega que é eletricista. A gente faz uma vaquinha e dá um dinheirinho a ele. Tem uma taxa de R$ 10 que a gente cobra para fazer a manutenção da bomba”, contou Cristiano, sendo interrompido por um colega que o alertava para “tomar cuidado com o que ia falar”.

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