A final da Copa da França contra o Paris Saint-Germain de Cavani, Mbappé e companhia está sendo encarada pelo pequeno Les Herbiers mais como aprendizado do que propriamente uma oportunidade de conquistar um título inédito. Não que o time que disputa a terceira divisão da França esteja tentando empurrar a responsabilidade inteira para o adversário, tática para lá de manjada no futebol. A julgar pelas declarações, o Les Herbiers realmente não enxerga a possibilidade de superar uma equipe de faturamento 270 vezes maior que paga para um jogador só, por exemplo, o que o clube não consegue ganhar em um ano. A discrepância é abismal.
Sim, só Neymar vale mais quase 50 vezes mais que o elenco inteiro do adversário e recebe todo mês uma quantia que supera o que a equipe fatura por ano. E Dabasse, o atacante de 24 anos que é o jogador mais caro do elenco do time, não tem metade do valor de mercado de Thiago Motta (1 milhão de euros), o mais barato do PSG. Como se não bastasse, acreditem: a final da Copa da França nem sequer é a prioridade do Les Herbiers, que chega na última rodada da National (o equivalente à terceira divisão do país) flertando com o rebaixamento. No último jogo, descolaram uma virada heróica por 3 a 2 diante do Stade Lavallois e se deram o luxo de depender apenas de si para não cair: basta vencer na próxima sexta-feira. Mas o Béziers, seu adversário, é o terceiro colocado (os dois primeiros sobem) e pode conquistar o acesso em caso de vitória.
O formato de tiro curto da Copa da França dá brecha para que coisas assim aconteçam. Em 2000 e 2012, por exemplo, Calais (da 4ª divisão) e Quevilly (da 3ª) chegaram à final, embora tenham ficado sem o título. A competição é dividida em seis fases, com jogos únicos – não há ida e volta. O Les Herbiers, por exemplo, não enfrentou um time de elite sequer.