Este 26 de abril marca o Dia do Goleiro, o atleta conhecido por defender o gol. Basicamente, sua função é evitar que a equipe adversária consiga marcar. Último jogador e, diz a sabedoria popular, a posição mais ingrata do futebol. Se defendeu, não fez mais que a obrigação. Se não chegou lá, falhou. Se falhou, é duramente criticado. No entanto, defender o gol é a única função do goleiro?
Nos últimos anos, a utilização desse jogador com a bola nos pés, e não apenas nas mãos, começou a aparecer mais no futebol. Passes rasteiros, passes com mudança de direção, lançamentos diagonais e frontais, um contra um. Se antes eram atacantes ou meias que trabalhavam mais esses fundamentos, hoje os goleiros também treinam situações de jogo.
“A ideia de utilizar os goleiros nessa construção ofensiva é para fazer um jogo com mais qualidade, que a bola chegue ao ataque para ter uma finalização mais efetiva. O goleiro, sendo participativo nessa fase de construção, vai causar uma superioridade numérica no setor defensivo, auxiliando taticamente a equipe para tirar bola da pressão quando o adversário encaixa uma marcação”, comentou Leandro Idalino, preparador de goleiros que trabalha atualmente com a equipe sub-20 do Corinthians e é coordenador da preparação de goleiros da base do clube.
Para Idalino, essa participação maior do goleiro com os pés é uma tendência dentro e fora do Brasil, apesar do país apresentar um pouco de resistência por desenvolver metodologias mais conservadoras. Ainda assim, é possível encontrar equipes brasileiras, principalmente na base, com essa qualificação de construção desde o primeiro homem.
O ex-goleiro Zetti, que atualmente comanda a academia Fechando o Gol, especializada em treinamento para goleiros, acredita que a situação de goleiros trabalhando com os pés ficou mais evidente na Copa do Mundo de 2014, especialmente por causa de Neuer, da Alemanha. Ele, porém, destaca que isso não é algo muito novo no Brasil.
“É que quando você conquista um título como a Copa do Mundo (a Alemanha foi campeã em 2014), é claro que muda totalmente o conceito e parece que a partir daquele ponto os goleiros começaram a reagir. Mas o goleiro precisa ser completo, e para ser completo tem que saber trabalhar com os dois pés, não só com o direito ou esquerdo”, afirmou Zetti.