Um bebê de nove meses morreu este mês no município de Teixeira de Freitas, vítima da coqueluche. A criança não tinha tomado nenhuma vacina para se prevenir da doença, que pode ser evitada por meio do uso do imunizante. Foi o primeiro óbito por coqueluche no estado desde 2019, mas a situação acende o alerta para o aumento de 19% de casos notificados este ano – diferente de casos confirmados – e para a cobertura vacinal abaixo do ideal. A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) reforça o alerta de que a vacina é de fundamental importância para a segurança dos lactantes.
Doses do imunizante
O imunizante está disponível nos postos de atendimento Sus. Mas é preciso que os pais fiquem atentos ao calendário de vacinação para garantir a prevenção da enfermidade. A coordenadora de imunização da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) Doiane Lemos, explica que “o bebê precisa ser imunizado com as três doses da vacina Pentavalente no esquema inicial aos 2, 4 e 6 meses de vida e com dois reforços com a Vacina Tríplice Bacteriana – DTP aos 15 meses e 4 anos de idade”.
No caso da aplicação da vacina em gestantes, o imunizante é considerado uma proteção importante até que o pequeno tenha idade para iniciar seu próprio calendário de vacinação. “Não só protege a mãe, mas principalmente a criança que até os dois meses de idade só vai ter a proteção herdada da mãe. O ideal é que com dois meses, as crianças já iniciem o esquema de vacinação, porque quando há um atraso as crianças ficam ainda mais tempo vulneráveis e esses anticorpos da mãe começam a cair. Com a vacina as crianças vão desenvolver seus próprios anticorpos contra a coqueluche”, conta Vânia Rebouças da coordenação de imunização e vigilância epidemiológica das doenças imunopreveníveis do estado da Bahia.
Quadro na Bahia
São 81 casos suspeitos de coqueluche na Bahia até o momento, sendo que foram confirmados 18 (22%) – 11 apenas no município de Teixeira de Freitas -, outros 44 (54%) foram descartados e 19 (23%) estão em investigação, conforme dados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep). Os outros casos foram registrados em Salvador (4), Bom Jesus da Lapa (2) e em Euclides da Cunha (1).
Quanto maior a cobertura vacinal, menor a chance de transmissão de doenças que podem ser prevenidas com a vacinação. Hoje no estado a cobertura tanto da vacina Pentavalente quanto da DTP é de 85%, quando o ideal é que o valor fosse de 95%. Considerando o imunizante direcionado a gestantes a cobertura é de 83%. Os dados são do Ministério da Saúde.
Já na capital baiana a cobertura da vacina Pentavalente é de 87%, enquanto da vacina DTP é de 86%. O pensamento anti vacinação é um dos desafios para que o estado alcance os números ideais de cobertura vacinal, segundo Vânia. “Esse movimento antivacina prejudica a adesão à vacinação e gera bolsões susceptíveis a doença em vários locais. É algo que não só o estado, mas o Brasil como um todo está enfrentando”, comenta.
Busca ativa
Em Teixeira de Freitas, a cobertura vacinal contra a coqueluche é menor que 70%, o que facilita a proliferação de casos. Vânia explica que o estado e o município estão atuando juntos para combater o cenário por meio de intensificação vacinal nos grupos elegíveis, com processo de busca ativa de quem não foi vacinado.
Outra medida é a intensificação da vigilância da saúde local com relação à coqueluche, além do uso da quimioprofilaxia, que é o tratamento com antibiótico específico, para evitar o adoecimento de suspeitos de estarem com a enfermidade. O método é direcionado a pessoas que tiveram contatos domiciliares ou são parte do grupo de risco e tiveram contato com alguém que seja suspeita de estar com a coqueluche ou seja um caso confirmado da doença.
Foto: Denisse Salazar /AG. A TARDE